27 dezembro, 2010

é estranho demais dizer feliz natal.

21 dezembro, 2010

Oloco!

Oloco, louco
é você, você e você
seis tudo, seis nove e nove são catorze
com mais sete dá do pé
o cúmulo, de patinete!
Oloco, louco.
fazendo poste de cotonete
pra que luz seja idéia
de louco, loco.
nós todos, nós de corda
nós de cabelo, pós de porta

Oloco! loucura cura cara quebra cuca
e revira volta cuca maculelê cural
O louco, loco. é gente assim tão normal
de norma a norma, inverte a norma a normal
norma do mal é do loco lo uco cuco como um tal

cuco
cuco
cuco
cuco

nove horas dá sinal
hora de dormir pela dor doída
dolorida dor doída louca de ademir

coca
coca
coca
coca

cola seu neurônio na cuca
e te deixa louco, loco oco abissal

oloco, louco.
acredite em mula hulla hulla sem cabeça
que louco, outro revista vira vista ira.
e oh! louco


aumente o efeito ouvindo "Eu vou me salvar" da Rita Lee

20 dezembro, 2010

no bar

Eu falei pra ela, dona. Fui na casa dela ontem, assim que saí daqui beudinho como a dona viu. Bati na porta dela e ela apareceu com cara de sono. Brava. Falei tudo, perguntei se ela sabia o que era gostar muito de alguém com apenas doze anos de idade. Ela disse que não. Eu disse que um dia... um dia, dona, eu soube bem.

tudo bem então

A gente se esqueceu,
Não, você esqueceu.
A gente.
Eu sempre lembro.
É? quando?
Nesses dias... ultimamente.
Ah. Mas perto do natal a gente sempre fica meio nostálgico.
E você, tem lembrado?
Eu nem tanto, sabe. Conheci coisas por aí.
Ahm.
Mas quando lembro é bom.
Então tudo bem.

14 dezembro, 2010

Pré calção

Pré cá venha-se aqui
que a saudade me mata
Ah se eu tivesse me pré cá vindo

30 novembro, 2010

Amor

Amor de serra
não sobe a pica

29 novembro, 2010

futil cult parte 1

Dor de cabeça e cólica e saco cheio cheio pra caralho
Dia de música, fumaça etílica e coloração de cabelo
Só pra manchar o quarto inteiro de vermelho
sem precisar usar facas e pulsos

sumo

eu sumi
foi doído me espremerem assim
mas sumi
pares de minutos e
virei sumo de gente

12 novembro, 2010

Ela não queria ter filhos porque tinha extrema vergonha dos seios.

04 novembro, 2010

"Na vida quem perde o telhado em troca recebe as estrelas pra rimar até se afogar"
de um tal Tom

na montanha

Passando do lado de lá pro de cá da montanha é que a gente realmente se sente do mundo. Tão do quanto no. Na montanha a gente se sente grande, no topo, perto do céu por mais dentro de si.
A inteligência física aumenta junto com as dores nas costas. O frio da água do banho com o calor. E a necessidade de ir embora junto com a vontade de ficar.

15 outubro, 2010

posso perder minha mulher minha mãe...

O meu cigarro apagou
eu vou dançar um rock and roll

dancei tanto
que meu pulmão de fumante não aguentou

14 outubro, 2010

simples 1.2

Se eu te falasse tudo
(e fôssemos de sentimentos comuns)
seria mais que esperado


então eu



_

30 setembro, 2010

ousa

E então ela se fez bonita
como há muito tempo não queria ousar
Como embonitar-se não conseguiu,
passou a achar ousadia babaquice

23 setembro, 2010

simples 1.1

ah, pra você saber,
hoje senti saudades do seu papel de parede
e das roupas no varal e o "quão bonito ficam essas roupas com esse céu e esse... pé de flor?"

11 setembro, 2010

Neutralidade

Neutra

pluma

branca



Neura

pruma

blanca

como tus ojos

06 setembro, 2010

Ditas ou escritas

Não há quem não se apaixone por palavras. Elas não tem manias, não cheiram mal depois de um dia inteiro embaixo do céu ensolarado dos trópicos, não se agarram a você fazendo de você a última única pessoa do mundo, elas não cagam. Qualquer defeito ou erro ou tique, nas palavras viram charme; o amargo se transforma em caráter.
Não tem como não se apaixonar por palavras.

31 agosto, 2010

é que eu tava com medo da chuva

É que eu tava com medo da chuva, disse A criança enquanto olhava para os sapatos sujos de lama.
Não era, com certeza, nada convincente que o medo da chuva trouxesse da rua A criança, que saíra de casa limpa e perfumada, com lama até os cílios e não talvez até mais perfumada e seca do que tinha saído. Mas talvez, pois se pode esperar tudo das pessoas, mesmo criança e ainda mais dA criança; houvesse um pouco de verdade no medo da chuva, e tão talvez quanto, já bem cedo Sua criança estava aprendendo o que era impulso.
A mãe disse um pouco sobre para o marido, sobre como será quando A criança crescer e ter medo de amar, do primeiro emprego e de confiar nas pessoas. O pai disse pra deixar de mãezisse e que aquilo era normal, coisa de criança etecétera e tal.
Mas mãe sabe das coisas, e esta, A mãe, sabia o quanto isso tudo era coisa de adulto.

21 agosto, 2010

de lá de fora

Olho pela janela porque busco algo pra me tirar daqui.
O aqui é a solidão.
você está lá fora desfilando seu andar delicado enquanto eu

ah. deixa o eu. deixe-me eu. deixe-me seu. porque olhar pra fora e ter ver não minha é um bem estar do não estar confortável e eu gosto.

então, bem, eu olho ainda. entre uma frase, uma letra ou rima. Quem sabe assim eu me acostumo com o não ser livre daqui de dentro, sendo livremente seu escritor descritor, se é que isso é possível.

deixe-se meu. se é que isso é possível daí de fora.

15 agosto, 2010

Do blues

Quando eu ouço blues sinto como se estivesse flertando com você. Sim, um flerte inocente de tão safado. Uma delicadeza que escorre em sensualidade, gota a gota preenchendo cada nota bem marcada do contra baixo: tan tan tantan! Nós dois assim, dançando com o corpo pelo corpo, com a intenção pelo tesão, excitando nossos pelos pelas paixões facilmente controladas pela carne.
Ouvindo blues eu sano essa falta. Essa música rouca, levemente gaita, facilmente coito.
Ouvindo o blues danço com os quadris uma dança que muito bem poderia ver-se feita entre quatro paredes escuras/meialuz. O tal do mississipibaby se transforma em nossa cama, nosso sofá ou nossa mesa da cozinha, por que não?
blues toca na cabeça facilmente quando a gente quer.

14 agosto, 2010

adiando pra depois

adiar
dor
dói

é des
necessidade
do que não foi

Onde e como fazer teatro em São Carlos?

a Anna Kuhl, nossa ruiva produtora teatral dá as respostas aqui !

10 agosto, 2010

27 julho, 2010

Pães caseiros

Ela fazia poesias e pães caseiros. Ela usava a escada pra subir no telhado e sua mãe gritava saia já daí. Ela ouvia Bach e Brahms. E ela mentia. Ela mentia diariamente, uma aqui pra remendar um fato, outra ali pra não descobrirem a primeira mentira. E uma terceira pra juntar a primeira e a segunda de forma coesa. Ela não era nem um pouco coesa, chegava a ser hermética porque tinha orgulho de si mas não conseguia se aceitar o suficiente errante e pedante. Mais difícil ainda era conviver com a decepção dos outros em relação a ela, então ela mentia. Até que um dia, e foi um dia doloroso, ela magoou profundamente e exatamente pela mentira. Ela chorou, teve pena do magoado, teve pena de si mesma e subiu no telhado pra olhar as estrelas mais uma vez. Prometeu que nunca mais mentiria, nunca mais subiria na escada pra olhar as estrelas contra a vontade da mãe e passaria a escrever sobre coisas de verdade, não mais as ilusões de castelos e príncipes que ela nunca teria enquanto construísse um feudo cujos muros eram de mentira e o Senhor era ela. Desceu as escadas, foi pra máquina de escrever e escreveu um, dois e três dias inteiros a fio. Voltou pra primeira página e leu tudo. Releu, Releu. E chorou agora mais do que da vez da mágoa da mentira. Chorou por meses a fio. A sua escrita, sua vida, sem mentira, ela era tão pura que dava vergonha de ler, de viver.

22 julho, 2010

Compulsão

compulsão
de ter algo
aqui e agora
é vontade de artista
de expressar-se
sem demora
com
pulsão

21 julho, 2010

Eu morro

Tem susto que faz a gente lembrar que também morre.

Apesar de tudo, e além do mais, a gente também morre.

14 julho, 2010

do tema recorrente, outra vez mais uma

de tempos em tempos
me atenho a contar
um qualquer sobre as horas

nunca me atento
ao segundo à frente
de primeiro momento
disso sei, digo: que bosta
mas daqui a pouco, tão logo durma
volto a ele, aposta?

12 julho, 2010

Lucidez

"(...)Afirmam os dicionários que a testada é a parte de uma rua ou estrada que fica à frente de um prédio, e nada há de mais certo, mas também dizem-no pelo menos alguns, que varrer a sua testada significa afastar de si alguma responsabilidade ou culpa. Grande engano o vosso, senhores filósofos e lexicólogos distraídos, varrer sua testada começou a ser precisamente o que estão a fazer agora as mulheres da capital, como no passado o haviam também feito, nas aldeias, suas mães e avós, e não o faziam elas, como não o fazem estas, para afastar de si uma responsabilidade, mas para assumi-la. Possivelmente foi pela mesma razão que ao terceiro dia saíram à rua os trabalhadores da limpeza. Não traziam uniformes, vestiam à civil. Disseram que os uniformes é que estavam em greve, não eles."

(de Ensaio sobre a lucidez )

10 julho, 2010

fome

Fome de
dela de ele
fome de gente
que me surpreende
fome de gente
que me arrebente
eu tenho fome de gente
e por gente
quero ser comida
mastigada
deglutida
pra gente quero ser dada
por gente quero ser perdida
tenho fome de gente
que por mim
não possa ser medida

que nos foi

o corpo mole,
des
cende

de mim mesma
um quase ser, que
quase sente

porque nossa música já tá riscada no disco
mas eu ouço repetidamente
porque ela só se repete nos pontos principais
pra deixar bem claro
tudo o que eu não queria ouvir
mas ouço
re
petidamente
ela gritando cantante
re
pedindo
o que nos foi

06 julho, 2010

Choque

Quatro meninas dos olhos seguem-no da esquerda, lentamente, até a direita.
Fala polissilabicamente, monossilábicos são os dois. Consequentemente também não há pretensão nas quatro meninas. De um lado para o outro.
Lentamente.
As palavras dispensadas no ar por ele são rapidamente captadas pelos dois. As quatro pupilas se dilatam e se contraem de acordo com cada nuance cerebral que cada palavra provoca. Ele não usa parcimônias para dispensar palavras no ar. Com toda parcimônia são eles que não deixam palavra alguma ser perdida para o ar.
Rapidamente.
Os movimentos dele são decididos e impactantes de forma que os dos dois parecem acontecer dentro de uma bolha gelatinosa . Portanto, já é de se esperar quem vai vencer ao choque. No entanto, nos atemos a obervar o momento.
Até o choque.

30 junho, 2010

quem não se é (I)

Não há o que se diga, é fato: Não tem lugar pra mim aqui.
Nem sei se o lugar é pequeno ou eu grande - sem grandezas, sim? - mas não dá pra viver assim, de pé em pé que não vira nem dá pé.
Eu não caibo em mim. E tão insuportável quanto a constatação é tentar algum remédio no passado. Quando era criança vestia as roupas do meu pai e brincava de ser outro e outros. Vendo que ser outro era melhor, coloquei todos dentro de mim e agora, Cá estou eu cuspindo gente pelos olhos enquanto a boca me mata a mim.
Tinha cores fortes que só vi mais uma vez depois de adulto, considerando psicotrópicos viáveis. Tinha cheiro de pimentão cozido. Tinha areia no corpo todo. e pés sujos. ainda tem.
Falar de infância é duro. Deve ser por isso.
quem não se é tem dificuldade de aceitar já ter sido.

26 junho, 2010

I

o nada
não se cala
é barulho ensurdecedor
de puro silêncio
que não pára

22 junho, 2010

Tim 1970

enquanto ainda tiver
o sol de lá fora brilhando as cores daqui do quarto
um livro na cama
uma cerveja na geladeira
e o Tim Maia 1970 tocando no rádio
ainda acho que posso sair da cama
sem tanto pesar

Apesar de eu não gostar da palavra coisa

Acontecem assim as coisas do dia-a-dia.
Um tal não se sabe onde, sempre correria. Um tal momento raiva, outro alegria.
Um momento de vez, uma vez de doer, outra doar - como o poeta dizia.
Alguém que você olha mas esquece por hoje, quem sabe em outro vire poesia...
Acontece o fato que te tira da mania, depois passa
também volta a ser fria.
Assim acontecem as coisas do dia, apesar de eu não gostar da palavra coisas,
tem dias que só ela explica
as coisas todas que abrem caminhos, pelos quais eu não iria.

20 junho, 2010

ouvir Billie Holiday
noites e sensações adentro

nem o frio de lá fora
me gelam esse momento

15 junho, 2010

Novo

O novo
No ovo se teve
Quem nasce primeiro?
Ninguém sabe assim

O novo se teve
porque nasce primeiro
comparado ao fim
ao mesmíssimo tempo
que o novo, esse cu
se esquece de mim

Sintético

Falarei sinteticamente
Tudo desde já
- Três pontos, interrogação.
- Oxalá.

11 junho, 2010

Jogos de Assoprar




Cia da Insônia apresenta: Jogos de Assoprar

O que podemos fazer quando todas as coisas parecem não acontecer conforme esperávamos? E o que esperar quando as coisas todas que podemos fazer parecem não acontecer? Através de uma sucessão de construções imagético-performáticas, Jogos de Assoprar propõe aos nossos sentidos diferentes versões do que seriam o sucesso e o fracasso: Beckett relido (pelas lentes da micropolítica), um desfile de pequenas-grandes tragédias, um final com sabor de delicadeza.

Este trabalho foi fomentado pelo primeiro edital do Fundo Municipal de Cultura de São Carlos.

Quando ? 12 e 13 de junho, ás 20h
Onde? Teatro Municipal de São Carlos
Quanto ? R$ 5,00 inteira, R$ 2,50 meia

Ficha Técnica:
Direção e dramaturgia: Thaíse Nardim
Elenco: Anna Kuhl, Nádia Stevanato e Guilherme Andere
Assistência de direção: Maurício Zattoni
Produção: Anna Kuhl e Yasmim Bidim
Identidade Visual: Laura Teixeira

07 junho, 2010

É

Acordar é a pior hora do dia.

01 junho, 2010

curtas

parar com essa história
de curtas grossas, ora bolas
já me desvira vício
e não se faz ofício
por me causar demoras

dama

Quando se pronuncia a palavra "eu"
todo resto som é quase palavrão
é quase triste, quase drama
findo ato
"eu" insiste: chamai-me dama.

27 maio, 2010

aquela

pés, meias, cara, corpo e chão.
e aquela, ah aquela. Escorre aos montes, enche a cabeça
fica em vão
adormece as pernas, as mãos percorrem
a cara
as pernas e
...
não
...
espera espera pensa esquece dorme e vai
quem sabe amanhã?

25 maio, 2010

das roda

em câmera
len
ta
passa o boi
a espera
da boiada
meia pica
muita roda
toda a vida
muita estrada
por cima
no lombo
um relincho
quatro patas
é lá que fica
o amor do jão
o medo do lá
a ânsia parada

24 maio, 2010

quem diria

Eis que se cria a vagina
pequena lisa
Quem diria!

Coisa bem simples
Tão precisa
mas nem deus copia

23 maio, 2010

Manga

Veio o cara e veio na cara.
A gente ficou de cara.
Tava tudo errado, tava uma merda, não que ele dissesse pois sua ética não permitiria, mas que
tava dó dava.
Propôs várias: correr pular subir e descer, até o pé fazer bolha
de doer,
Era essa a intenção: ator tem que ter intenção. E não lhe venha com intenção ão não. Ele quer intenção de gente, de ser humano, de artista que se preze
que tenha apreço
Também quer que a gente sinta que a gente é nós. No sentido da palavra mesmo, nós que ao serem desatados dão linha pra manga.
Quem sabe você assistirá a Manga?
Ele vai nos abrindo aos poucos, mesmo que não pareça seu método é delicado. Quando a gente ouve as palavras dele sai com vontade de mudar o mundo. E mudar-se pro mundo, digo, de mala e cuia mesmo:
ir pro mundo.

Só não sei bem
onde é que se pega o trem.

Daria raiva tanto dedo na cara. O dedo que ele põe. Mas aquele sorriso humilde que pontua exclamativamente suas provocações nos faz olhar pra fora
e não dá vontade de ir embora
Ele quer que sejamos nós.
E que sejamos atores, no sentido da palavra sentida, sentimento de dentro do senso e do coração.

14 maio, 2010

noite

Esse frio, essa meia luz e o Lupicinio a cantar.

09 maio, 2010

Dos entendimentos do ser/estar

.
.
foi quando tomaram Maria por sabida
das Dores era ela, para outros, metida
com ideias sobre o estar da própria vida
.
.
(ou: a que nunca escreveu livro de auto ajuda)

08 maio, 2010

transformando o mínimo em atemporal

para fugir da estafa
me sugiro momentos
em que o olhar fotografa

01 maio, 2010

Estou voltando ao tempo da delicadeza.

Guarde-se para

Guarde-se, disse ele resoluto.
E foi o que ela fez na exata hora errada.

25 abril, 2010

"Isabela, a astróloga de araque"




O grupo Preto no Branco tem o orgulho de anunciar a próxima apresentação do seu mais recente trabalho: Isabela, a astróloga de araque. Trata-se de uma farsa medieval inspirada nos arquétipos da commedia dell'arte.

Quando?
29 de abril de 2010, quinta feira às 20h

Onde?
Teatro Municipal Dr Alderico Vieira Perdigão
Rua 7 de setembro, 1735
(16) 3371 4339

Quanto?
R$ 5,00 / R$ 10,00

14 abril, 2010

Historinha três pontinhos

Era uma vez
duas vezes
o fim

E eis a moral da história: Não confunda catraca de canhão com conhaque de alcatrão

13 abril, 2010

Mulher livre

a mulher é livre! é livre sim, já disse. pode gostar. desgostar. e trepar.

já não espera a decisão dos pais, já não espera bom partido, nem príncipe encantado ela espera mais

já que queimou sutiã
já que sofreu igual pagã
agora pode gozar

ah se pode
gozar de moça boa ou má
como quiser ser a mulher será

gozar de administradora de empresas e até homens, faze-los suas presas
pode xingar com palavrões sem rodeios galanteios de pedreiros

vejam só!
a mulher que já sofreu
agora está na boa
vejam só no que deu

hoje não espera casamento
mas sim o homem de sua vida
(nem que seja só de momento)

tem que usar sutiã de bojo e
com a evolução da cosmética
até pode escolher ser bonita
mesmo que o mundo quase
nem se importe com estética

(não se importa com estética?)

botox, silicone, megahair e regime da lua
pra poder acender a luz ao se ver nua
já que outras posam pra revista
porque ela só pode ser ensaísta?

mulher agora escolhe!
tem liberdade de escolher entre light e diet!

que evolução: não mais espartilho e sim última moda
a escolha de ter amor ou só, basicamente, uma foda

E grita: nunca submeter-se a algum homem
tendo nas entrelinhas a necessidade de se submeter a qualquer espelho

tudo lindo
na revista
na televisão
tudo pra ela decidir

ser uma mulher livre

02 abril, 2010

Métodos

E se vira, arranja, muda e rearranja. Melhora e aumenta. Cai depois numa desordem de pensamentos que lhe impõe uma lei de arbitrariedade da verdade. Ninguém fica incólume da revolta que nos abraça em peles de papel jornal, mas todos se voltam da revolta com algum argumento que lhes salve da mediocridade geral. Muitos maquinam métodos de separar suas conivências do que é sujo e alguns dos métodos transformam o travesseiro em estorvo.
Enquanto, dessas pessoas, algumas acordam mais cedo, outras dormem nos pés da cama e se convencem de que a vista dali é melhor, ora, como não pensaram nisso antes. Acredita-se, então, no método mais do que o próprio método acredita em si.

01 abril, 2010

Véspera de feriado

Pés cansados
olhos fechando
dor nas costas
cólica
situações cômicas, sobre as quais tenho que rir sozinha
os alunos que não querem ter aula
eu que queria estar em Barra
almoço 250 g de ovo de páscoa de chocolate hidrogenado
sorrindo
vamos que vamos!

adispoi eu como até dá tristeza e puxo uma paia cum palito na boca

29 março, 2010

Ao vaso, desparnasianamente.

Se fosse possível te descrever, já assim, seria necessário inventar palavras.
Estas, por sua vez, não caberiam em métricas velhas, nem nas novas.
Nem em qualquer uma que exista.

Teria que ser sensível, quase o frio ser tão leve que derreta o gelo.
Seria carnal, como quando minhas mãos espremem-se entre as pernas.

Mas tudo no silêncio. Pontuado por linhas em branco.
pra que você ouça. pra que você leia.

26 março, 2010

Oferecimento

Oferecer-se de presente para o futuro,
ou oferecer-se futuramente para o presente?

Tanto faz, desde que te aceitem?


Foda-se
Se não aceitar, vai pernas e braços
todos goela abaixo.

22 março, 2010

Caneca laranja

Uma caneca laranja não é só uma caneca laranja.
Pode ser uma caneca só, que espera uma cerveja.
Ou a caneca de alguém só que espera uma cerveja.
Ou a caneca de alguém só que espera alguém para uma cerveja.
Ou a caneca que é só de alguém, mas gostaria de ser só de duas. Ou três, nesses tempos modernos.
Ou uma caneca que é de alguém mas preferia estar só. Então se perde no restaurante ou na festa, enquanto o dono se aconchega a um qualquer.
Ou uma caneca seca. De alguém que vive na seca, seja ela de água ou de sexo.
A caneca laranja pode ser cheia de laranja, laranjada ou limão. Ou caipirinha.
Ou veneno,
seja ele rápido, ou como a cachaça, lento.

(causado pela Hilde e o Filippe)

14 março, 2010

O homem

Entrava sempre tirando os olhos da rua. Quando o primeiro pé se colocava no degrau os olhos se voltavam para dentro e as mãos buscavam tirar o chapéu da cabeça, por educação.
Sorria: - bom dia!
Bom dia, eu dizia.
Passos lentos e musicais traziam aquele corpo quadrado, como o corpo de um homem deve ser, para mais perto do balcão. As calças formavam vincos lindos em torno das pernas. A pele do rosto formava vincos lindos no rosto. Serenidade.
Pousava o chapéu e a mão direita no balcão. A imagem mais linda de mão que guardo é a dele. Pedia uma branca, e livre do peso do pedido, sentava-se enfim. O braço esquerdo se colocava a partir da metade, pois dizia que cotovelo em balcão era falta de educação. Perguntava o resultado do bicho de hoje, que eu nunca sabia. Depois de sorrir: sorte sua; com a voz que depois identifiquei tão rouca quanto a de Adoniran, quando o conheci.
Bebia a branca sem fazer careta. Por várias vezes me apaixonei pela classe com que ele bebia a dita cuja. Por muitas vezes me apaixonei pelo olhar que ele lançava no céu antes de fazer a previsão que ninguém faria tão correta. Quando trazia laranjas sujas de barro eu me sentia cortejada e adorada como as mulheres do tempo dele. Chamava-me santinha, antes mesmo de eu saber o que eram santos, mesmo já ter sido batizada: injustiça que se fazem com as crianças quem nem podem se permitir fé.
Chorou quando peguei catapora e me deu chinelos velhos para que eu pudesse andar confortavelmente com as bolhas da doença nos pés.
Afastava os babacas que me cortejavam sem rodeios.
Cantava "Prato do dia" do Tião e do Pardinho; eu me magoava. Para ele paixão era falta de educação. Homem que se honre se casava e fazia filhos às escuras, sem ter certeza se a mulher estava acordada ou não.
Este foi o homem que, se não fosse analfabeto, seria um decassílabo.
Quando mais tarde descobri de verdade o que era paixão, descobri também que mais nova ainda, por ele, soube o que era admiração.

10 março, 2010

.

Enquanto isso, Adoniranizando minhas ideias.

27 fevereiro, 2010

Des peço

eu me despeço do seu tropeço
e você, irônico,
diz peça do meu co-meço

26 fevereiro, 2010

mulher infiel (ensaio)

oh! mulher infiel. Que faria eu senão te enxovalhar a cara de todos os seus enxovais e guardanapos que nem ao menos guardam napos seus. Porque você é minha mulher dos seios estrategicamente côncavos, das coxas de punhos que foram moldadas aos poucos em tempos de amores nem assim tão febris, mas grandes causadores dos seus vícios que te secaram até os ossos. Daria um beijo na testa e um anel amarelo. Diria você depois que sou merda e pouco te mereço. Que faço eu além de te tratar como as que vieram com a virilha de quem nasceu pra ser possuída? Se você, como todas elas, sabe para quem veio mas não tão bem para que. Para tanto é que te consumo salientemente e te devolvo depois ao lugar, único, que se pode dizer seu.

17 fevereiro, 2010

Do teu esquecimento

Existem palavras com ambições muito diferentes das outras muitas. Não se querem rebaixadas à condição de escrita, portanto não descem da ponta da língua até os dedos para se entregarem a qualquer papel de qualidade duvidosa. Tampouco se querem diminuídas à condição de fala, por isso não saltam da língua para o ar com o risco de se esvaírem no primeiro vento que lhes alcance. Estas, as palavras de ambições diferentes, são aquelas que surgem após coçar a cabeça e os cabelos repetidamente, e das quais nos esquecemos quando tomamos a atitude. A tão esperada e necessária atitude. Abre-se o celular, digita-se o número ao qual mandar a mensagem e o vazio preenche o instante tanto quanto a caixa de texto. Tais palavras tem por única ambição serem vividas. Só assim, sem nem ao menos definir quais são elas, que estas palavras se tornam.

10 fevereiro, 2010

Quem sabe?

Quem sabe? -Amanhã eu aprendo
terminarei enfim com essa mania
acabo com essa excêntrica boemia
tomando, como diz a mãe, um tento

Quem sabe um dia ter agenda
esquecer os imãs e a geladeira
aquecer de madruga a mamadeira
saber o que querem que eu aprenda

quem sabe um dia ter namorado
e deixar a profissão namoradeira
porque dizem que dou pra sapateira
e esse papo já tá me soando chato

e quem sabe um dia, seria feliz
pensar menos confuso e denso
pra poder falar tudo que penso
e gritar aos pulhas o que quis

Ah, veja se não seria bonito
se antes de virar bacana
antes de entrar em cana
eu lesse menos o livro maldito

04 fevereiro, 2010

Papéis livres

Olhando os dois assim nem parece muita coisa. Mas os braços cruzados de um combinam com as pernas estendidas do outro. Os olhos fechados de um combinam com a boca atenta do outro. E até as roupas, com as quais não estão. Olhando-os assim nem parecem. Olhe para a esquerda. A mesinha de cabeceira guarda, entre cadernos e livros, versos livres com palavras descompostas pra serem só deles. Lamentos e intenções regadas de noites saudosas.
Entre nós existe aquela vida
um mínimo senso atento
do quase medo da partida
E foi sem despedida, sem espera e sem guardados. Estes que geraram grandes achados: um pedacinho de papel livre que escapa do livro. Um quase cheiro conhecido que passa despercebido na rua e para o qual outro se volta e não encontra mais. A ficar na dúvida se foi imaginação.
Espero com você o dia
em que tudo que façamos
se vingue da monotonia
Não que vivam quietos a vida longe. Não que se esperem para o jantar. Nem que se esqueçam de em algumas noites, dois vinhos, lembrar.
Quando ventou a noite que você saía
nem meus poros, nem meu corpo e eu
entregamos o total em demasia.
Até que a música enlace a voz macia outra vez. A testa espalhada de suor, os braços cruzado e as pernas estendidas. A cabeça se curvará cansada de noites mal dormidas. Encontrará o velho ombro direito endurecido das escritas.
Porque nós
éramos cordas
cheias de nós

02 fevereiro, 2010

Na grama

Dois deitados na grama. Lua cheia.

- Sabe qual é a sensação?

Coçando-se:
- Hm Hm...

sorrindo:
- Uma coisa assim...

tirando uma formiga que subia pelos pés:
- Boa?

- Assim... Uma sensação... Sublime! Sabe?

Ele pensa por 53 segundos.

- Não sei não.

- Mas você pensou.

sem respostas, continua.
- Se você pensou, já é.

matando um pernilongo com uma palma, cara de nojo do sangue que fica nas mãos:
-Não foi sublime não. Foi... - diz entortando a boca, com certo desprezo - Foi.. só dúvida.

- Então!

Coçando-se:
- Ah, tá.

- Poxa, você não entende. Não entende a profundidade.

Demora mais 15 segundos. Mata mais um pernilongo.
- É. Não entendo não.

- Tenta! É uma cois...

- Vamo embora?

- Puta merda.


não há luar romântico que resista à grama.

27 janeiro, 2010

Por hoje

Você pode ficar assim um bom tempo. Um tempo bom, com a cabeça afundada entre meus seios enquanto eu falo sobre algumas coisas e você se amolece sonolento com o vibrar do meu peito que por minha boca se pronuncia. Você pode ficar por hoje, enquanto rimos e nos afundamos no colchão velho e nos exprimimos por olhares enquanto nos esprememos entre quatro paredes. Pode vir para umidecer minha pele, secar minha boca e desatar meus cabelos. Ficar por hoje, pela noite e pela manhã chuvosa que guarda nosso sono sem sonho, ou conversar sobre as belezas que só os artistas podem ver. Acendendo o meu, o nosso, que nos faz filosofar sobre o insustentável peso da margarida na mesa, já a ver a mesa, intacta, entortar-se à ela humildemente. E em nossos devaneios a margarida se ri soberana e murcha.
Venha e fique pela noite, pela manhã e pela tarde. Mas por hoje. Porque nossa cama também não consegue sustentar o peso dos nossos devaneios.

26 janeiro, 2010

mas tão, tão pequeno

tão pequeno que não cabe em uma linha

25 janeiro, 2010

escolha

O que eu faço?
ou
O eu que faço
ou
Eu que o faço

é só trocar aquele ali aqui e pronto

Preenchimento total

A cabeça assim, inclinada
os acenos de sins e nãos
e o vestido florido
as mãos cruzadas
e os olhos atenciosos
os chinelos saindo dos pés
e os pés angulando-se
o sorriso sereno
e a risada histérica
o rosto e o cabelo que mentem a idade
e as palavras que delatam
com o olhar de quem sabe do que
a voz forte
a voz terna
e os movimentos harmonicamente entrecortados

o preenchimento total da cadeira larga...

ficar ao lado dela
é o preenchimento total de imagens na minha memória

22 janeiro, 2010

momento tão

Certos dias nenhuma ideia vira frase, nenhuma frase se conecta com outra e nenhum texto vinga.
A melhor coisa é beber um conhaque olhando o céu, sentindo muito, arrependida de não escrever sobre tal momento tão



quem sabe até ouvindo Child in time do Deep Purple

21 janeiro, 2010

pêlo a pelo

Derrama

len

ta

men

tenho que dize-lo
até o momento dele
arrepiar-me pêlo a pelo
para desfazer rimas
para que sejam minhas
coisas atraentes mínimas
essências extra-fatos
para alguns, casos
para outros, estragos




(ah nova norma ortográfica)

17 janeiro, 2010

que com a gente nunca

Por isso agora a boca aberta, os olhos parados e focados em lugar algum a não ser no mundo que foi aquele tempo e aquela pessoa e aquele sorriso e aquele jeito e aquelas tardes e noites todas e aquela velha mania de achar que com a gente nunca.
E com uma seriedade imensa ou com um sorriso sincero, embora talvez preocupado, disse que sim. Era possível com a gente. Era possível com ele e não era minha descrença que faria diferença. Eu sem conseguir fazer nada me vendo ligar para ele e ouvir que é verdade com certeza. Então eu paro, ouço alguma coisa da cozinha, imagino que é ele advertindo-o sobre os riscos dos excessos do álcool, percebo que minha opção para dormir hoje é a hipótese de que amanhã, quando nos falarmos, ele vai dizer que quem sabe era coisa da cabeça e esses testes e eteceteraetal.
A vontade de fazer qualquer coisa, mesmo que infazível, de ver e de abraçar e dizer que mesmo sem sentir o gelado do chão nos pés, eu estou feliz.
E minha preocupação de como você tem sentido o chão nos seus.
Aquele quarto. aquela fumaça. Aquelas noites, quando nos fizemos nostálgicos como se hoje já fosse quarenta anos depois, se transformam em sóis sorridentes na parede amarelinha, rosa ou azul bebê. Transforma-se muita coisa, ele, a manta e o choro e o cuidado e todo aquele amor que eu sei: é o maior do mundo. E mais do que muitos, como poucos, ele é capaz de amar.

10 janeiro, 2010

palavras

E com tanta leveza e beleza Ele me tirou todas

http://poesiaehcoisadepoeta.blogspot.com/2010/01/para-ela.html
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Fazer pé de meia pra velhice é uma besteira se você é adepto da bengala.


qualquer duplo sentido é puro dinamismo conceitual

05 janeiro, 2010

Dias estranhos

Os dias estranhos estão chegando. Vozes e notas na cabeça e o Dostoiévski que não se cala. E um corpo se confunde com o piso da sala.

04 janeiro, 2010

Aos que ficam em silêncio

cabe-lhes o nada após dois pontos

amado ano

Defenestraste-me, meu amado ano, velho, não sei se posso lhe dizer. Apesar de triste, gritou-me que me ama e eu que te amei. Gritou-me que você não era somente um dia, nem ao menos alguns reles meses. Você era um Ano, disse de boca cheia, enquanto eu me despedia de você completamente bêbada e consciente. Defenestraste-me quando meus olhos encantados pelos fogos artificiais se fecharam e meu hipotálamo não suportou o vento de verão.
Lembro-me que você, ano querido, disse em despedida para eu aproveitar meu novo amor, que eu fosse feliz com ele ao menos por mais tempo do que fui com você. Acho pouco provável. Contudo levo de você tudo, e não é pouco, que foi bom. As leituras, as expressões e as paixões.
Ironicamente, ano, defenestraste-me sem mágoas, nem eu de você, nem nós de nossa categórica felicidade. Me disse também alguns oxalás iemanjás e que na despedida do próximo eu não tenha sorvido tanto álcool a ponto de.