25 dezembro, 2008

Normal bem

-Ei, você tá falando comigo?

-Eu? Não.

-Agora está.

-Quê?

-Saudades!

-?

-SAUDADES!

-De quem?

-De você.

-A gente se conhece?

-Conhece?

-...Não.

-Mas depois de hoje vai dar saudade.

-Por que?

-Você acha que não vai me cativar?

-Te cativar? Pra quê?

-Você não acha que eu posso ser cativante?

-...

-Gosta de futebol?

-Aham.

-Gosta de vinho branco seco?

-...as vezes.

-Temos mesmo muito em comum!

-?

-Não por você simplesmente gostar de futebol e vinho branco seco. Mas pelos motivos que fazem uma pessoa gostar de futebol. Além disso os motivos que fazem uma pessoa gostar de vinho branco seco. São muito interessantes! Agora uma mesma pessoa gostar de ambos, ao mesmo tempo, tem ainda mais um...um...um Q especial!

-Olha só.. Preciso ir.

-Poxa. Me dá um abraço. Vou sentir saudades.

-Beleza.. Saudades, né?! Saudades, então. Até mais hem!

-Não!! Se for "até mais" a gente não vai sentir saudade!

-Quê?

-É ué, você sente saudade de quem vê sempre?

-Hm...

-Então! Dá outro abraço. Vou mesmo sentir saudades.

-Aham.. também... Falou aí.

21 dezembro, 2008

Ponto. Na mesma linha.


É meio assim, de improviso mesmo. Meio daquele jeito que chega e sai sem ao menos definir se chegou de fato ou se não era muito cedo pra partir.
É daquele jeito sem compromisso. Comprometido a ser só mais um do tipo que a gente lê meio com pressa. Depois volta do começo achando que foi apressado demais.
São algumas idéias jogadas, subentendidas pra alguns mas pra outros dá a sensação de ser piada interna. Da qual aquele não faz parte.
É com poucas vírgulas. Mas vários pontos. Na mesma linha. É com cara de sono mesmo. É um sussurro quando prende o dedo na porta. É só um bocejo. É da mania de pensar e esquecer de falar. É meio assim mesmo, um gracejo.
É pra dar aquela sensação de ida pra quem está do lado de cá. É pra lembrar que a ida do lado de lá vista daqui pode ser volta.

10 dezembro, 2008

A USP ensina

A USP está me ensinando um pouco de política, administração, atuação em grupo, discussão, aluguel, argumentação. Tudo devido o Grupo de Teatro Caaso, meu estágio em uma escola pública e as pessoas com as quais eu convivo.
A Matemática? bem... hm... tem me ensinado a... err...hm...

OQQ

Eu quero conhecer o mundo inteiro para viver em outro mundo

08 dezembro, 2008

Êta pau

Grita uma velha preta de bigodes sobre a menina que ja num é virge
corre o gato manco dum miado grunhido de quem tá com chiclete na boca
desfila um muleque jeca que anda como quem se criou no lambo dum cavalo torto
sussurra a rapariga que só dá pra quem tem medo de comê farinha de garfo
reza o capeta encurvado na pedra do pau d'alho que dá pra encosta do espigão
se contorce o ferro da cadeira que sustenta a mosca grudada nela com chiclete
ri o mendigo se deliciando no bacalhau ao azeite da portuguesa velha de bigodes
late o cão, são: êta pau!

03 dezembro, 2008

Chamei de mau gosto o que vi...

Eu adoro assistir as pessoas fazendo coisas que são efeito de uma energia diferente da minha.
Fico assim, meio pairando as idéias vagamente entre uma conversa e outra, um desespero a toa e outro. Uma alfinetada e outra... E acho muita graça. Além disso, mais engraçado ainda seja talvez a incompreensão deles de que eu estou completamente "na boa". E que apesar de eu estar pairando as idéias nas conversas e atitudes deles, na verdade, eu não estou nem aí pra pouca bosta.

20 novembro, 2008

2ª Construção

2ª construção da personagem do "Texto pra Dois"de Will Aziz

Ontem você chegou do trabalho quieto, entrou e me deu um leve beijo na boca.
Beijo seco na boca. Beijo seco na boca fria.
Foi para o banho e não cantou sozinho, não falou sobre seu dia nem perguntou sobre o meu. Não ficou nu na minha frente nem fez brincadeiras.
Sentou para comer e o fez em silêncio. Na casa só o barulho do telejornal que gritava horrores do mundo pra dentro do nosso aconchego. Nosso antigo aconchego. Nosso antigo "nosso".
Enquanto você comia, pela periferia do que eu via, já que o centro era sempre a tv, notei que algumas vezes você me olhou e até pareceu por algum momento querer dizer algo. Fez mais barulho com os talheres, como se isso me chamasse atenção para o fato de você estar lá e parecendo querer minha presença na mesa. Foquei mais ainda o olhar na tv, porque esperava um pouco mais de esforço da sua parte, uma palavra, um chamado carinhoso ou indecente... fiz-me mais compenetrada esperando que ao menos você me xingasse por não te dar atenção. Continuou em silêncio até terminar de comer.
Senti raiva de você, mas quando te vi ir para o quarto olhando para mim (apesar de um olhar sem expressões ou intenções) alguma esperança me fez desligar a tv e te acompanhar.

Deitei esboçando sons nos objetos, com medo que o silêncio dali denunciasse minha pulsação. Desejo.

Tentei me aconchegar nos seus braços, você deixou. Te acariciei e você me deu um beijo na cabeça. Quando passei a minha perna pelas suas e tentei um beijo em seu pescoço, você fechou os olhos levemente. Tossiu. Virou-se de lado.

Eu dormi quieta e longe de você, com medo que nossa estaticidade denunciasse que eu tremia.
Raiva.

19 novembro, 2008

1ª Construção

Construção da personagem do "Texto pra Dois" de Will Aziz

O nosso texto começou assim : pra dois. Eram nosso os dias, a casa e a cama. Éramos dois nas ruas vendo vitrines e sendo vistos por olhos de inveja. Nossas risadas, eram muitas, agrediam os menos sensíveis ouvidos e nossa expressão, os mais cegos olhos.

Agora você se perde em seus problemas e me obriga a me perder nessa casa vazia e nessa cama fria. Você chega do inferno de lá de fora e não tem ao menos coragem de explodir na minha cara o que te irrita. Você não tem por mim paixão ou raiva, e é isso que me insulta. É isso que me afunda ainda mais no passado enterrado nesse baú.
E mais do que ninguém, você sabe que esperar quieta não é do meu feitio. Você me viu e me amou forte e densa, firme e corajosa.
Agora não sei... O seu silêncio está silenciando minhas vontades. Ao menos é isso que me parece ser sua intenção. E eu não vou deixar. Não vou permitir que você silencie a mim também, como fez com essa casa, essa cama.. Não vou perder minhas expressões nas suas, como você faz dia-a-dia eu me perder nesse espelho, que nada diz além de que envelheço com você. Ao mesmo tempo que você, pois duvido que ainda sejamos juntos.
Não sei o quanto é do meu cansaço e quanto é culpa sua. Até porque houve um dia que você me trouxe flores, e eu resisti.
A culpa também é minha, não pelo silêncio, mas pela minha dureza se espalhando nessa cama e na imagem desse espelho.
Eu não quero esperar sozinha o dia em que você acabar-se, ao meu lado sem ser meu. Eu não vou esperar o meu fim. Se é pra ser um fim, que seja forte como eu. Que grite, como grita meu corpo a cada dia.

06 novembro, 2008

Comum

Ana gostava de Pedro, mas não gostava que Pedro gostasse daquele livro. Quando ele sentava a beirada da cama pra ler, ela sentia como se visse Pedro acariciando outra.
Pedro gostava de sentar a beirada da cama para ler aquele livro porque achava que era preciso uma posição peculiar para ler aquelas idéias tão peculiares sobre uma medicina alternativa, não menos peculiar.
Ana não gostava quando Pedro ouvia música, em vez de ouvir o que ela tinha para lhe falar. Mas o que a irritava mais que aquela música era aquele olhar perdido de Pedro.
Pedro gostava de ouvir essas e outras músicas porque ficava pairando os tímpanos em padrões (ou falta deles) que pareciam conversar com ele muito mais (e além) do que a letra da música em si, e a fala dela.
Ana não gostava quando ele ficava a beira da janela olhando o movimento da esquina da rua 15 com a 23 de setembro. Hora ou outra poderia ver passar aquela muito mais cheia de graça do que ela e, louco como era, poderia se jogar e se estatelar no chão da esquina porca.
Ana não gostava daquele cruzamento de ruas. Era seco e sempre tinha um sorveteiro cantarolando alguma coisa, que ela nunca decifrava porque quando se aproximava o sorveteiro parava de cantar e passava a canta-la.
Pedro gostava de olhar a movimentação das vendas do sorveteiro, porque naquilo criava algumas teorias interessantes sobre a economia mundial e a publicidade e propaganda. Um dos orgulhos dele, e assunto para todas as rodas de cerveja da qual participava, era a teoria que ele criou sobre mulheres em comerciais de cerveja quando viu Ana passar pelo sorveteiro...
Pedro gostava de assistir jornal nacional para ver o novo penteado da Fátima Bernardes e a risadinha prelúdica do Bonner.
Ana não gostava quando Pedro assistia jornal nacional, porque ele ficava sorrindo embestado e não via que ela estava cheirosa posta à cama.
Pedro gostava de ir à praia para ver as ondas crescerem.
Ana não gostava de praia porque o biquini delineava seus culotes.
Ana era uma mulher comum. Ana tinha medo de perder Pedro.
Pedro deveria ser o alguém comum. Pedro não tinha medo de se perder por aí.

15 outubro, 2008

E era total

Havia algo no ar. Existiam os pensamentos mas faltavam as palavras. Havia e há.
Tinha emoção, sentimento e gota. Tinham os risos e as vontades, os achismos e as certezas. Algumas suposições bestas nos lugares errados. Alguns gestos nas horas certas.
Se a solução fosse esticar o tempo, remendar o cenário, arrumar a cama ou esquentar o chá; ainda assim, era possível que não desse certo.O tempo já tinha sido esticado algumas vezes mas um copo já tinha se quebrado no chão.
Se a solução fosse ainda catar os cacos, e colar tudo outra vez, ainda sim o chão cenário teria outro gosto.
Ainda elas, as suposições, levariam àquela mania de evitar alardes. Àquela fuga entorpecida.
Os risos entorpecidos. O entorpecimento pelos risos. Os risos das horas certas.

Eu não trouxe só corpo, como pode parecer. Eu trouxe o nó da gravata... e a falha da voz (ainda que bem disfarçada). Mas quando os trazia, deixava em casa os achismos e as suposições. E era nisso que se entretia o cenário. Ou fosse por isso que se etretiam no cenário.

Não dava para saber quando era hora de entardecer, e acho que nunca vou saber. Afinal, dentro daquele cenário, para entardecer e amanhecer é só diminuir ou aumentar a luz.
As vezes também não dava pra saber quando é que havia, ou não, algo no ar. E acho que nunca vou ter a sensação exata de que se está ou não, de hoje em diante.
Daqui pra frente eu vou ter a sensação, ou o achismo, de que pode sempre ser hora de entardecer, amanhecer ou de respirar o algo que porventura esteja no ar.
Gota molhada, parada e cristalizada nesse tempo. Cenário gravado na memória. Luz apagando nos olhos. Cheiro gravado no toque da pele. E esta sensação de que algo está fora do lugar... E que o nó da gravata sempre vai estar aqui quando eu lembrar.

13 outubro, 2008

13

Era, sim, uma vontade que ia de um pra outro e se retribuía em olhares e sensações. Haviam gestos mas, tímidos, não exprimiam nem metade do que realmente queriam. Era uma troca de olhares e carinhos, de carinhos e amizades..Mas eram só carinhos de amizade.
Com algum tempo depois, passados com palpitações pelo "quase", um leve toque diferente dos outros, e muito mais rápido que aqueles, disse tudo o que sempre se quis dizer : "eu quero".
Foi necessário segurar a ansiedade, os pensamentos e um sonho bom no qual até sentia-se o cheio. Sustentação.
Foi necessário segurar a ansiedade pela presença que, além do cheiro, trazia também o olhar e o carinho...e sentia-se a vontade. Sustentação.
Foi necessário olhar a volta para sentir o que queria.
Foi necessário ir embora rápido.
E nesse doce de sustentação, fica o sorriso..E a vontade de ficar.

Dois passos

Dois passos. Mais um. Dor. Cansaço. Respira...Nada. De novo. Ar frio demais.
Dois passos. Só eu. Cansaço. Vontade. Sobra. Esquece...Nada. De novo. Pensa. Resolve.

Olho pra baixo, meus pés. Olho pra cima pro ar frio massagear meu pescoço. Olho pra frente e torno a olhar pra baixo pra não ver o quanto falta.

Fecho os olhos. Dor. Respira...Passa. De novo. Energia.
Olho pro céu. Ta bonito porque ta vermelho porque ta frio. Aperto as mãos molhadas e dormentes. Frias. Respira...Esquece. Pensa em alguma coisa.

Fecho os olhos. Ar frio. Respiro fundo pela boca. Solta com gemido.
Olho pra frente. Estou chegando. Nessa hora é bom porque está a sós com a própria vontade. A sós com a própria sobra de energia e com o cansaço pela falta.

Dois passos. Menos uma. Mais dois passos. Bem estar. Respira. Sorri. Lembrei de uma música.
Tento cantar...Não! Respira. Ar frio. Boca quente. Sem esquecer: mais dois passos. Respira.

Olho pra cima. Respira. Sinto que é um pouco do céu vermelho porque to quente, mas é porque ta frio.
Brinco de respirar um pouco do céu vermelho pela boca pra ver se dá pra sentir o gosto.
Respira... Esquece!

Dois passos. Olho pra frente. Ta chegando. Aperto as mãos dormentes, quentes e molhadas.
Passo a mão pelo rosto frio. Tá frio porque tô quente.

Dois passos. Mais um. Vontade. Não pensa porque tem o cansaço. Respira. Ar quente aperta meu corpo dormente e molhado.
Dois passos. Resolve.

27 julho, 2008

Um bilhete para Didi

Didi, minha preta. Põe os lencóis da cama no varal, pode botá flor na casa toda. Lava aquele vestido amarelinho de chita que cê tem e que te deixa tão gostosa. Deixa o cabelo bem solto, até embaraçado pra que eu enrrosque os dedos mais fácil, e puxe pra te fazer me xingar.

Cê sabe que nessas andanças da vida, a gente acaba perdendo as rédeas... Mas é no seu quintal que eu sempre arrego de vez minha carroça. Eu me sinto tão em casa com você dizendo que não tá nem aí, que eu que me dane e estrupie todo, porque você já avisou tudo o que dava, mas eu não tenho jeito. E cê sempre tá lá pra me dar outra bronca. E dinovo, e outra vez.Gosto de ver toda a tua dureza desfeita no meu colo, quando eu falomanso e finjo que mudei. Mas tu é tão esperta que as vezes eu acho que é você que se finge de mole. Cê sabe bem o bicho que criou, né nega?

Eu to chegando assim que vier a lua nova. Coloca uma placa na porta pra que ninguém encha nosso pacová. Como vai estar calor por demais, deixa meu bermudão, aquele que você não gosta, fora do armário que é nele que eu vou me enfiar. Tira qualquer objeto pontudo de cima da mesa da cozinha, pois é lá que eu quero te espalhar... e me faz aquele feijão que eu adoro.
Ahh! Faz também aquela cara de dona-de-casa-de-saco-cheio que eu acho linda.
Não lava demais as mãos, que eu quero sentir o cheiro de tempero misturado com sabão em pó que elas têm.

Faça tudo isso mas não me espere. Quero te pegar de jeito, do meu jeito meio desavisado.

Um chêro
teu preto

16 julho, 2008

A partida

Partiu de lá, sem partir qualquer coração, sem quebrar qualquer expectativa. A cabeça meio curvada para o lado pelo peso da única sacola que levava. Sacola velha que fedia mais que ele.
Cansara daquela terra que só lhe trazia poeira. Da casa que só lhe dava sombra. Da esteira que só lhe dava um descanso surdo e entorpecido pelo calor.
Seu abatimento era indisfarçável. Não que tentasse...Já tinha perdido a mania dessas convenções de manter aparências. Entre ele e o mundo todo havia um vale, um buraco que o sol não conseguia mostrar até onde chegaria. Partiu para tentar construir sua ponte até o outro lado. O mundo estava lá e ali ele era tão volátil que não era difícil querer ir embora.
Quebrou a imagem do seu santo e matou sua fé. Essas coisas seguram a gente de forma subliminar, e nessas horas não se deve correr esses riscos.
Pensou em deixar uma carta despedida, mas lhe faltaria destinatário merecedor de tamanha eloqüência. Pensou em pagar a conta, mas lhe faltou algum passatempo que lhe desse gasto.
A saudade já lhe tinha sido trepadeira da cerca coração. Agora a vontade fazia uma fenda cor de fogo no medo, e no costume.
Com um anti brilho nos olhos desmarejados. O antes brilho do seu lugar agora transbordava pena e um gosto pálido. Estava preso a uma tenda cheia de janelas. E quase sabia por qual sair.
Foi, porque ele ainda não tinha sido.

24 maio, 2008

Teatro

O teatro é um alimento interessante. Ele faz você sentir fome de si mesmo, para encher a sua barriga de sensações que você não sentiria.
Ele abre espaço para que você seja preenchido por algo que não pode ocupar o mesmo corpo que você mesmo. Esse "algo" não se expande em nós, porque a gente sempre está muito cheio de si.
Esquecer-se do que se é por dentro, lembrar-se do que se é por fora.
Sentir dor por fora.
Esquecer as dores de dentro.
Perder a vaidade.
Aprender a importância do contato.
Improvisar quando há falta de contato.
Expressar sem nenhum gesto.


"Naquele banco onde a vida passou, nenhuma árvore se fez testemunha. Nenhuma folha caiu de forma diferente pelo que acontecia. Tudo era um quadro isento do personagem principal, que bailava uma ópera mística e mortuária.
Ele agonizava, e a paisagem sorria como se pudesse fazer-se primeiro plano.
O grito dele não assustou nenhum pássaro. Ele atracou-se com o cenário, mas nenhum traço se moveu. Então, derramou todo o seu sangue de tinta, toda sua pele de lápis, e juntou-se à estaticidade de si." (15/05/08)



"Que os 4 como num teatro, conservem a mão sem nenhum gesto. Que o vinho quente do coração lhes suba à cabeça espessa. Que do bolso de cada um dos 4 como num teatro voem pombas (pombas brancas...e amanheça)"
(Prece Cósmica - Secos e Molhados)

05 maio, 2008

Silêncio ou espuma?

Tão simples, que de tão leve, torna-se silêncio.
Quando eu observo as marcas de passos que estão atras, não posso deixar de querer correr deles com uma cara de "puta sacanagem!" sorridente.

04 maio, 2008

Espera

Esperei com as asas abertas o sol chegar
A chuva caiu sobre elas com a frieza dos olhos que passaram, viram mas não enxergaram
Depois de secas as asas cheiravam bolor, como o corpo guardado
Assim recontava instantes, como quem espera a chegada da morte
Cultivava a última esperança e tentava me manter em pé, como um cacto no meio da terra podre de tão seca
Lutava contra as horas
Buscava em vão os motivos
Mas o sol só tarda quando não se espera com os olhos abertos
As asas murcharam
e o corpo secou
os olhos, estes já não têm sentido

11 abril, 2008


Hoje tá um dia tão lindo pra ir pra praia sozinha!

09 abril, 2008

A mãe

Domingo sonhei que tinha um filho. Ele era tão "um pedaço de mim" que até agora sinto seus pezinhos juntos nas minhas costas e suas mãozinhas da minha nuca... Com a cabeça apoiada no meu ombro o tempo todo.
Até um tempo atras, não queria ser mãe. Na verdade, queria. Mas relutava contra, usando como defesa a idéia que eu "nunca seria uma boa mãe".
Assim como nunca gostei de falar sobre mim, sobre meus pensamentos, e sobre minhas idéias estranhas. Ninguém tem obrigação de "ouvir".
Mas o sonho de domingo me abriu os olhos.