04 janeiro, 2010

amado ano

Defenestraste-me, meu amado ano, velho, não sei se posso lhe dizer. Apesar de triste, gritou-me que me ama e eu que te amei. Gritou-me que você não era somente um dia, nem ao menos alguns reles meses. Você era um Ano, disse de boca cheia, enquanto eu me despedia de você completamente bêbada e consciente. Defenestraste-me quando meus olhos encantados pelos fogos artificiais se fecharam e meu hipotálamo não suportou o vento de verão.
Lembro-me que você, ano querido, disse em despedida para eu aproveitar meu novo amor, que eu fosse feliz com ele ao menos por mais tempo do que fui com você. Acho pouco provável. Contudo levo de você tudo, e não é pouco, que foi bom. As leituras, as expressões e as paixões.
Ironicamente, ano, defenestraste-me sem mágoas, nem eu de você, nem nós de nossa categórica felicidade. Me disse também alguns oxalás iemanjás e que na despedida do próximo eu não tenha sorvido tanto álcool a ponto de.

2 comentários:

Renato Capella disse...

defenestrar me lembra 1/2 dúzia de três ou quatro, rs. e cuidado com a bebida para não. bjo

Wilker Aziz disse...

como sempre... uau! adoro esses que comecam inocentes... eles parecem carregar umas mensagens especificas... para pessoas que as encontrariam se os lessem... e sentiriam algo estranho na leitura... algo entre o prazer e a alfinetada. show! bjao