27 agosto, 2012

Cidade da sua cara amanhecida


A cidade fica tão bonita daqui, olhada pela sua cara amanhecida em plena cinco da tarde. Pego o café, sem bolachas, estamos quites sem mais nem menos e eu lembro como é bom sentir desse jeito.  A cidade assim longe parece um exemplo de esperança. você e sua mania de me acordar pra vida perguntam o que então eu tenho feito para. Eu solto aquela risada de é verdade, cê tá certo, cê sabe das coisas.  Vejo outra vez que sou ar demais, flexível, incoerente. É que eu não gosto dessa pobreza de espírito, dessa mania humana de se colocar de qualquer forma, até a feia. Você se vira com cara de novela mexicana e diz “ e sobre mim”. De você até que gosto. Só um pouquinho. Assim como digo que pouco gosto da cidade, voumembora, chamo de feia, suja, breve, mentira, enquanto meus olhos e todas as minhas vontades passeiam pelas ruas dela que é o exemplo prático arquitetônico de nossas subjetividades. me calo na Billie Holliday que canta uma e outra - o café esfria e gruda todo na xícara porque fica dias ali no canto da cama. Assim você também se coloca nas coisas daqui, ainda que da forma feia. De longe é poético porque na solidão ela me olha suja com ar patético. é assim, cidade de longe, ar de esperança, ruas e mais ruas que nos engolem a sós. A sombra da calçada muda do lado de lá pro de cá todo dia, meu bem, por isso a gente não cansa.

13 agosto, 2012

Acontece

Tenho dó de nós dois tão separados. A pele não aguenta, fermenta, enrijece. Mas amanhã é dia de cão, trabalho, ação no mundo que enobrece. Consolo de corpo separado é união de ideal, acontece.

08 agosto, 2012

rua Alexandrina


Em São Carlos, o poeta da rua Alexandrina escreveu em alto e bom tom “ouvi dizer que só era triste quem queria”.

Quem diria. Esse poeta da rua Alexandrina!

O poeta falou, em tinta preta esguichada em partículas,
de macro sentimentos
mais que muitas poesias editadas em imagens e películas

Quem diria o poema da rua Alexandrina!

Pulou da cabeça direto pra rua
Porque achou humilhação ser bit
Achou pouco figurar no papel
teve pressa
porque nem sempre, como tristeza
poesia se fez porque queria

Fato que poesia da rua Alexandrina
é maior e não cabe nestas poucas linhas
.apesar de serem minhas.
como não em nenhuma biblioteca de Alexandria

04 agosto, 2012

quer?

prende desde sempre. viu-se pouco, mas olhar parou no rosto, tonto. era do tipo rosto pronto. Some-se, convida-se sempre. e vai, um dia vai. e terão horas e oras para trocar.
tocar.
e quererá mais.
querer? vai. singelas notas belas musicais.

02 agosto, 2012

o cinema incendiou


Nos feriados já não cabia dormir até as três e ter por ar amor. Destrambelharam-se  fingidos, estranhos, ainda que sorridentes. As dependências de um não cabiam mais nas possibilidades do outro e aí não se aponta culpados. Pena do que poderia ter sido não cabe. O acaso generoso que junta é o mesmo mordaz que afasta. Sincronizaram-se. Se antes para a junção, agora para a estrada. Não há impasse, não há crise. Tudo tende à harmonia.