31 agosto, 2010

é que eu tava com medo da chuva

É que eu tava com medo da chuva, disse A criança enquanto olhava para os sapatos sujos de lama.
Não era, com certeza, nada convincente que o medo da chuva trouxesse da rua A criança, que saíra de casa limpa e perfumada, com lama até os cílios e não talvez até mais perfumada e seca do que tinha saído. Mas talvez, pois se pode esperar tudo das pessoas, mesmo criança e ainda mais dA criança; houvesse um pouco de verdade no medo da chuva, e tão talvez quanto, já bem cedo Sua criança estava aprendendo o que era impulso.
A mãe disse um pouco sobre para o marido, sobre como será quando A criança crescer e ter medo de amar, do primeiro emprego e de confiar nas pessoas. O pai disse pra deixar de mãezisse e que aquilo era normal, coisa de criança etecétera e tal.
Mas mãe sabe das coisas, e esta, A mãe, sabia o quanto isso tudo era coisa de adulto.

21 agosto, 2010

de lá de fora

Olho pela janela porque busco algo pra me tirar daqui.
O aqui é a solidão.
você está lá fora desfilando seu andar delicado enquanto eu

ah. deixa o eu. deixe-me eu. deixe-me seu. porque olhar pra fora e ter ver não minha é um bem estar do não estar confortável e eu gosto.

então, bem, eu olho ainda. entre uma frase, uma letra ou rima. Quem sabe assim eu me acostumo com o não ser livre daqui de dentro, sendo livremente seu escritor descritor, se é que isso é possível.

deixe-se meu. se é que isso é possível daí de fora.

15 agosto, 2010

Do blues

Quando eu ouço blues sinto como se estivesse flertando com você. Sim, um flerte inocente de tão safado. Uma delicadeza que escorre em sensualidade, gota a gota preenchendo cada nota bem marcada do contra baixo: tan tan tantan! Nós dois assim, dançando com o corpo pelo corpo, com a intenção pelo tesão, excitando nossos pelos pelas paixões facilmente controladas pela carne.
Ouvindo blues eu sano essa falta. Essa música rouca, levemente gaita, facilmente coito.
Ouvindo o blues danço com os quadris uma dança que muito bem poderia ver-se feita entre quatro paredes escuras/meialuz. O tal do mississipibaby se transforma em nossa cama, nosso sofá ou nossa mesa da cozinha, por que não?
blues toca na cabeça facilmente quando a gente quer.

14 agosto, 2010

adiando pra depois

adiar
dor
dói

é des
necessidade
do que não foi

Onde e como fazer teatro em São Carlos?

a Anna Kuhl, nossa ruiva produtora teatral dá as respostas aqui !

10 agosto, 2010