27 janeiro, 2010

Por hoje

Você pode ficar assim um bom tempo. Um tempo bom, com a cabeça afundada entre meus seios enquanto eu falo sobre algumas coisas e você se amolece sonolento com o vibrar do meu peito que por minha boca se pronuncia. Você pode ficar por hoje, enquanto rimos e nos afundamos no colchão velho e nos exprimimos por olhares enquanto nos esprememos entre quatro paredes. Pode vir para umidecer minha pele, secar minha boca e desatar meus cabelos. Ficar por hoje, pela noite e pela manhã chuvosa que guarda nosso sono sem sonho, ou conversar sobre as belezas que só os artistas podem ver. Acendendo o meu, o nosso, que nos faz filosofar sobre o insustentável peso da margarida na mesa, já a ver a mesa, intacta, entortar-se à ela humildemente. E em nossos devaneios a margarida se ri soberana e murcha.
Venha e fique pela noite, pela manhã e pela tarde. Mas por hoje. Porque nossa cama também não consegue sustentar o peso dos nossos devaneios.