17 janeiro, 2010

que com a gente nunca

Por isso agora a boca aberta, os olhos parados e focados em lugar algum a não ser no mundo que foi aquele tempo e aquela pessoa e aquele sorriso e aquele jeito e aquelas tardes e noites todas e aquela velha mania de achar que com a gente nunca.
E com uma seriedade imensa ou com um sorriso sincero, embora talvez preocupado, disse que sim. Era possível com a gente. Era possível com ele e não era minha descrença que faria diferença. Eu sem conseguir fazer nada me vendo ligar para ele e ouvir que é verdade com certeza. Então eu paro, ouço alguma coisa da cozinha, imagino que é ele advertindo-o sobre os riscos dos excessos do álcool, percebo que minha opção para dormir hoje é a hipótese de que amanhã, quando nos falarmos, ele vai dizer que quem sabe era coisa da cabeça e esses testes e eteceteraetal.
A vontade de fazer qualquer coisa, mesmo que infazível, de ver e de abraçar e dizer que mesmo sem sentir o gelado do chão nos pés, eu estou feliz.
E minha preocupação de como você tem sentido o chão nos seus.
Aquele quarto. aquela fumaça. Aquelas noites, quando nos fizemos nostálgicos como se hoje já fosse quarenta anos depois, se transformam em sóis sorridentes na parede amarelinha, rosa ou azul bebê. Transforma-se muita coisa, ele, a manta e o choro e o cuidado e todo aquele amor que eu sei: é o maior do mundo. E mais do que muitos, como poucos, ele é capaz de amar.

Um comentário:

jÃM paulo disse...

Muito bom. Amargo-doce.
Bom.
MUITO!