31 dezembro, 2011

sem assunto

Ano novo
vida nova

no entanto não há galinha em meu quintal

então eu penso na cor da roupa
faço lista de objetivos
faço uma fé na sena
e coloco aquela calcinha
porque ano que vem
é mais que o ano que vem
é um novo ano que vem

então que venha


simpática

Hoje, de bruços
eu acordei tão devagar
espreguicei durante umas três linhas
.
.
.
e cantei: "Bom dia, tristeza!"
ela, educada
me deu bom dia
e boa tarde
e boa noite

Não precisava de tanta simpatia.

sem assunto

a tristeza melhora
desde que o samba é samba é assim
a brisa de realidade na noite escura

tristando eu mando a mentira embora
tristando eu mando a mentira embora

17 novembro, 2011

o duque de caxias é um homem a cavalo reduzido a uma estátua

Quem pela praça passa
reviravolta os olhos e não vê
o Duque de Caxias
que, cagado por pombas
se impõe ferozmente
a ferro e fogo
ninguém vê

nem o de carne e osso
sujeira e poço
não é visto como mais herói que o caxias Duque

e

o cavalo do Duque, obrigado a levar honrosamente as cagadas junto com o patrão
o vira-lata do de carne e osso (e minha mãe sempre dizia que cachorro de vagabundo sofre com honra, mas)
não perdem o amor
e parecem mais convictos que os donos candidatos a heróis

Aliás, se alguém tá pra ser visto naquela praça, é o cão
O cão!
ainda que não pudou, ainda que não chiuaua, ainda que não Duque
O cão é o herói da praça,
porque ele - como o cavalo - é herói de graça
Sem ironias
O cão é o herói da praça!

Rosto

Tem um rosto guardado
um rosto daqueles
um rosto roubado

um rosto se guarda em cena
vários outros rostos aguardam
tem um rosto aqui roubado, uma pena!
frente a vários rostos que flagram

tem um rosto escondido
na frente de outro, munido
sete pedras sopro na mão
frente ao dele está o meu no chão

tem um rosto de rimas fáceis
um rosto desarmoniado de medo

tem um rosto que me olha
eu olho
parado
ele pisca
Safado!

tem um rosto de papel de parede pairado
Eu não olho não

só as vezes

:

tem um rosto de medo parado

13 novembro, 2011

muito lado

Todos esses vários lados de cada coisa,
e esses dois lados de cada um dos muitos lados de cada coisa
deixam a gente assim mesmo
gritanto babaquices com certeza

17 outubro, 2011

Obaluaiê

Obá
a lua
é iê
oba!
a lua
é lua
e lia: é lua!
ô bala, peraê
obala abala a lua aê!

13 outubro, 2011

pedreiro

Sabe aquela música na qual o pedreiro construiu uma escola onde os filhos nunca poderão estudar porque custa caro?

Não é questão de pedreiro ou escola
a comoção que nos dá não é mérito do discurso
é porque algo nos pega pelo inconsciente

não se iluda com os personagens e fábulas
eles aparecem de modo simbólico por aí
ao invés de explícito como na música
eles fingem que você é mais que personagem pedreiro
e você, como gosta de ser melhor que pedreiro
finge que o é

mas a música sempre toca igual

entre uma e outra, outras

O ser humano tem por característica ser violento e buscar o prazer a todo custo.

Isso explica muita coisa sobre os últimos milênios. Mudam as revoluções (do fogo, da agricultura, industrial, tecnológica) e não muda a sombra que sempre acompanha cada uma delas.
Se estivesse tudo bem enquanto estávamos nomadeando por aí, porque decidimos desenvolver a agricultura e criar a velha mania de morar juntos, em sociedades? E por que uma vez juntos, brigamos e nos violentamos tanto?

Pode ser porque só juntos é que conseguimos o prazer. Vai ver que não adianta buscar o prazer se não tem o prazer do outro pra comparar - e comparar gera atritos, e atritos geram brigas. Vai ver que são as duas coisas. Entre outras.

07 outubro, 2011

de jung

Quando o ego está em jogo, recorremos a arquétipos e passamos a viver mitos.

Cuidemos de nossas, porque pode ser heróico,
pode ser perigoso. Afinal, uma coisa puxa a outra.

06 outubro, 2011

Qual é o mérito de ser gente?

Por que eu vivo acordando e saindo de casa todo dia?
O mundo é um pelo menos um pouco diferente por minha causa?


(Perguntas motivadas após obter a resposta)


(Sim, é boa)

05 outubro, 2011

tem

Tem, mas acabou
aqui temos seu presente
mas por quere-lo não te dou
aqui o produto é ausente
e por querer é que não vou
quem dá bandeja é porque mente

Campo de futebol e cenário

Os dois estão ficando loucos. Um longe do outro e loucos.
Um anda calmamente e veste as melhores roupas. É invejado e querido - já que ser invejado implica ser querido - mas sustenta constantemente uma alta tensão dos opostos - estes não se atraem. Pelo contrário, repulsam o corpo dele, ignoram os pensamentos pseudo-intelectuais dele, se impõem com dignidade e fazem da cabeça dele um cenário esteticamente bonito para desfilar intensos embates mentais, histéricos desejos imorais e estranhos comportamentos psicóticos.

Já o outro desfila sua nudez desacariciadora de pequenos burqueses, pinta o rosto, faz-se feio e imita seres extraterrestres. Defende a telepatia, acredita em astrologia e espiritualidade e abraça árvores para trocar energias. Tudo na maior de todas as possíveis tranquilizadoras forças imaginativas, afinal, usa sua glândula pineal para solucionar problemas. Inteligente, sua mente não passa de um campo de futebol. Sem futebol.

03 outubro, 2011

.

Mulher com o melhor gemido do Brasil ganha carro.
disse o informativo do IG

18 setembro, 2011

das celebrações todas

Das celebrações todas, porque o homem precisa representar seus ritos de passagem.
Precisa se ver representando belamente aquilo que é bom mas dói na vida real.
Nascimento, batizado, casamento, aniversário.
É coisa de gente, é bonito, não otário.
Com tudo que se tem direito: comida bebida alegria e ressaca moral. O homem gosta de se ver vivendo em algumas horas tudo aquilo que, resumidamente, representa um ano - no caso de aniversário - 40 anos - no caso de um casamento - ou uma vida toda.
Desde antes, muito antes do cara erguer-se nas dionisíacas e dizer: - Eu sou Dionísio. E se transformar no primeiro ator.
Antes e muito antes disso, até hoje, todos os homens já gostavam de representar.

16 setembro, 2011

ideias

Ideias, nem todas dizíveis
Idéias com acento, sim por que não?
Ideias, por muito todas fazíveis

15 setembro, 2011

árvores de natal

Faz tempo que as pessoas se procuram, e faz mais tempo ainda que as pessoas necessitam serem procuradas. A ânsia é tão grande que tem até gente ganhando dinheiro com isso faz tanto tempo quanto. É a velha história da maquiagem, salto alto, carro do ano e do no facebook todo mundo é lindo.
É lindo. Todo mundo é lindo no facebook. E inteligente. Muita gente já leu o dobro de livros e ouviu o triplo de músicas cults nos "curtir" do feice. Impressiona as redes sociais não socializarem nem alertarem que até aquela gata dos cabelos esvoaçantes tem mal humor, e quando de mal humor é feia. Feia pra caráleo. E aquele cara lindogatodemorrer tem uma voz que me faz lembrar o que é asco. Sorte nossa, passamos do quem caça mais e melhor para quem se enfeita mais. Tanto por fora quanto por dentro, é claro. Por que isso é que a gente precisa. Eu e você, nos enfeitar como árvores de natal. E não acho tão errado não. Todo enfeite tem algo de ritualístico. E todo ritual tem algo de fé ou de caça.

13 setembro, 2011

cinzeiro

Disse que esse cinzeiro fala, e disso eu tenho certeza. Esse cinzeiro fala. Foi feito de barro e fala, foi feito de cinza e fala. Esse cinzeiro bebe, e quando bebe fala. Quando bebe gosta de fumar um e outro também. Fala breve, mas fala, morno, mas fala. E canta as tristes do Cartola.
Afinal Ele sabe das coisas.
Esse cinzeiro é bruxo e anuncia muito. Breve, mas fala. Disse que o apocalipse nosso de cada dia está em processo de detrimento. Ele é pontual. Pontua tudo. Enquanto fala. Ele profetiza o erro absurdo das culturas intelectuais, ele bebe, ele ouve Bach enquanto dança funk.
Esse cinzeiro é ponteiro
é ponto final de cara
e um baita trapaceiro
Escrever é broxante.

05 setembro, 2011

Alter ser ou super não ser, heis a questão

o biscoito oráculo me auto ajuda:

do Nabokov: "a melhor parte da biografia de um escritor não consiste no registro de suas aventuras, mas na história de seu estilo."

25 agosto, 2011

esse tal de alter

Ele vai partir. Sim. Ele vai deixar de existir.
(momento ritualísticamente dramático. Pra acostumar com a ideia).

18 agosto, 2011

rraicaiki

O destrato
de fato
é pensado ato

16 agosto, 2011

autoimplicação!

Das duas uma, ou Ela é uma grande vaca nazista, ou seu umbigo realmente é superior ao universo inteiro. Tudo que é geral na cabeça d'Ela vira vida de modo próprio. Tudo sobre si é que lhe interessa, e isso tá Lhe parecendo uma puta perda de tempo.
O mundo lá fora tem mais, gatona.

Trem;

Naquele trem ninguém vê. Aquele trem abstrato tem por trato o não lugar. A ação comedida, o medo transparente e a in certeza, do saber ter que crer em alguma coisa que valha a viagem, a mudança de rota, o descaminho, o deseixotado.
Descarado! eles não sabem que o medo é dom do inteligente? do que faz jus e se importa com o tal do dom divino, o tal prazer do cuidado e do protegimento nos seios da mãe?
No medo é que mora o enfrentamento. a cegueira é onde mora o enxergamento.
Não adianta desmamar para ver o algo nocivo, o conhecimento e o atiramento de si em balas de revolver. Não atirem seus corpos contra as balas, caros, voltem pra estação, voltem para casa, voltem pro seio, voltem a ver o que lhes é palpável. Fartamente palpáveis seios de leite. O trem não os levará a ambiente mais confortável. Não dará a vocês nem um pouco de conforto quando verem a si frente a frente em confronto. O lugar que não é tornarão vocês os seres que não são. Voltem e parem de bancar o ser inflado, arrojado, desmedido, desmedroso, repleto, deseixoso e asqueroso de ego,

disse O Velho Safado

Disse O Velho Safado, provavelmente bêbado de seu gim, que quem não sabe fazer arte
não sabe entender arte
e que é bom ter cuidado com homens e mulheres comuns.
Ela toma, meu Velho. Ela toma. constantemente Ela se defende d'Ela mesma. Entre um trago e um café que Ela toma, Ela coça a nuca com movimentos comuns e seca seus pensamentos com atitudes mais que comuns. Aí Ela ouve a Ella e dança com o nada, dança com a vassoura, dança com o diabo, dança consigo, dança com Ele,
dança
Ela, de tão comum, por ser comum, um dia dança

11 agosto, 2011

Espaço no chão

Os sons de abraços não se ouvem. Estão todos em fila lutando devidamente por seus espaços no chão enquanto o chão se pergunta "por que eu?".
Estão todos devidamente trajados e ensinados, conjugando ótimos verbos e redecorando ótimos versos, enquanto os poetas se perguntam "por que o meu?"
Estão todos devidamente sorridentes e de braços abertos, acotovelando decentemente os cotovelos alheios enquanto estudam mentalmente um método de assassinato em massa.
um deles tira uma caca do nariz e a come devidamente saborosa. vários olham, mas passa.

05 agosto, 2011

boneca

O assassino entrou pela janela e matou a boneca que Ela tinha construído para se vestir. Ele a matou a facadas e não deixou chances a reconstituição.
ha!
Como se ela quisesse.

metro quadrado

isso tudo é o caos
fico eu abanando os braços, querendo um metro quadrado de solidão

04 agosto, 2011

o que fica

Das várias
fica aquela
foi-se ação
mantêm sequela

02 agosto, 2011

Eles se tocaram

Ela e Ele se tocaram e não se sabe o quanto aqueles gestos foram inesperados. Eles se tocaram pela manhã enquanto todos que estavam perto ao menos fingiam não estar. Eles se tocaram e aquilo provocou Nela as necessidades que tanto a importavam. Eles se tocaram como poderia ter acontecido muito tempo antes ou depois. Mas, pelas regras, não agora. Ela gostou, estranhou e duvidou. Parou pelas regras, mas duvida.

21 julho, 2011

relógio de barra bonita

tique tique tique taque taquetiquetaque taq...ue...ti...que...
foi assim que ficou
quando ele pelo telefone
o ritmo de barra mudou

19 julho, 2011

doje

o desespero toma conta
aí chove gente falando a mesma coisa
como eu

15 julho, 2011

inquietações

se a arte se faz a partir de inquietações
como transpor pensamento em inquietas ações?

sobre lavagens e orifícios

às vezes pode até ser conveniente fazer uma lavagem cerebral
em quem na cabeça só tem lavagem
ou mesmo algum trabalho cerebral em quem faz do seu
um cérebroanal

07 julho, 2011

Vou me entregar a ela

eu tive medo dela por uns tempos
mas sempre flertei
com uma ou outra palavra dela
com as fotos dela
com a história de vida dela
vista de supetão no wikipediaeafins
e não posso negar minha atração reprimida
por ela

01 julho, 2011

Dramatize sua vida, baby

Dramatize fortemente
Invente rituais sonoros e táteis. Dramatize o pôr do sol.
Dramatize seu tombo na frente daquele supermercado cheio
seu salto alto,
seu cabelo mal penteado, sua fala mole,
sua bebedeira
dramatize seu pão com ovo
e sua paçoquinha caseira

16 junho, 2011

cheio do saco

Tenho cansado. Tenho esfriado. Faz frio nesses dias.
Tenho cansado as pernas e tenho ficado sem voz.

No jornal tá escrito que os gastos com a copa serão sigilosos.
Tenho cansado, e como o povo, tenho guardado minha voz.

O Aldo Rebelo fez um projeto cretinho.

O trânsito de São Carlos tá uma bosta.
E eu, que ando a pé, tenho cansado.

Ontem teve eclipse lunar. Das vinte pessoas que estavam comendo pastel de frente pra lua, apenas dois olharam. E viram.
Espero que eles não cansem também.

06 junho, 2011

E a terra continua quadrada, apesar dos infinitos ângulos...

Leia isto se quiser entender um pouco mais longe do que a tela mostra.
Do pote de biscoitos.

26 maio, 2011

sano

Enlouquecer,

ou quase


faz prezar
a sanidade

por uma fase

19 maio, 2011

em polga olga!

Empolgação por que?
Pra esconder desânimo ou
falta de algo a que se dê?

16 maio, 2011

óhh carlos daniel

Eu tento e retento fugir da palavra dramatizada, que nesses últimos tempos tenho achado muito brega. Mas eu tenho essa queda, essa mania. Essa estranheza. Da musiquinha clássica ao fundo da imagem do herói cuja face é a mais confiante, franca e pura qual um filme de terror. Do poema dramalhão. Da crônica dolorida. Dos ai ui ai. Da lição de moral. Definitamente esse tempo todo eu tava no caminho errado. E sim, esse é mais um da lista auto lição de moral.

11 maio, 2011

"Será só fictício?"

Quero sinalizar esse texto da nova Cientista Social que o Brasil tá ganhando. A Ana Carolina Garbuio. Tema pertinente. Sempre tema. Aqui.

11/05

"de som a som
ensino o silêncio
a ser sibilino

de sino em sino
o silêncio ao som
ensino".

Paulo Leminski

08 maio, 2011

Perdidos

Perdi todos os meus textos, os bons e os ruins.
Os quase . E os com fim.
Perdi todos, até aquele que escrevia faz quase um ano
Páginas e páginas - o primeiro com mais de uma
todo inteiro já se foi.
Perdi o projeto "Ab surdos ou livro da antologia ginecológica"
todo formatado
todo paginado, todo engajado. Perdi tudo.
Perdi as poesias infantis, as adultas, as adúlteras
As que eu gostava mas ainda tinha vergonha de mostrar
As que eu não gostava mas achava que, um dia, valeria a pena mostrar.
Linhas e linhas de palavras viciadas
linhas e líneas curvas de idéias abstratas
uma quantidade enorme de raiva e amor
de paixões que já nem vejo mais, descrições irresistíveis
objeto bicho imagem ação
pessoas e carinhos que eu não publicava, porque
e meu orgulho, onde iria?
perdi todos e não queria
Perdi aquela brincadeira com as palavras do texto "Pro som pompéia". Nunca mais vou conseguir fazer aquilo.
Perdi os textos tentativas de teatro
Perdi os textos que ganhei de presente. Saibam agora, perdão.

Se quiserem presentear outra vez eu vos chamo pra um café. E praquele que pouco quer me olha mande cá no nadia.stevanato@gmail.com, que eu agradeço. Afinal, pouco amigos, pouco amigos. Textos de presente à parte.



Perdi todos os textos que escrevi no tempo que eu era mais inspirada

As ânsias, ironias, inquieaçõs de mente
Perdi tudo, infelizmente
Perdi a descrição daquele dia
Perdi o diálogo raiva

Perdi "As estribeiras"
perdi o texto "sobre a mesa"
perdi o "elogio a tristeza"
e outros que não lia desde "Lia". Faz tempo.

sejam de papéis ou bits, textos se perdem mesmo.
E quer saber? Fodam-se todos.
fodam-se sempre. só na memória eles ganham essa chance de serem bons.

05 maio, 2011

de "no que escrevemos"

O poder que nos dão
já que não nos dão poder algum
é esse o de simbolizar ideias
em letras juntas
juntas
que juntam por culpa de segregação
culpa do mundo louco
culpa do muito
culpa do pouco
palavra leve antemão,
que nem falo. esse texto do Marcelo já diz muito.

26 abril, 2011

árveres

Cuide de uma árvore hoje.
Vai lá ver se ela precisa de poda,
água, adubo, sal
açucar, carinho, foda
música etecetera e tal

vai lá ver!

18 abril, 2011

e vim do mesmo que você

De onde eu vim não tinha carro, não tinha rua. Nem papel que vale ouro tinha.
De onde eu vim não tinha bits, não tinha chips, não tinha elma chips. De onde eu vim a lua era uma deusa, não feita de terra. Nem satélite do caralho era a lua.
De onde eu vim não tinha tanto jeito de ritual pra falar com o mesmo cara. Mas todo mundo, desde lá de onde eu vim, ainda não viu o cara.

(... continua)

14 abril, 2011

sobre

O instinto, criatividade e sensibilidade pra escrita é exercício de constante visita à mercearia do seu Zé, que te responde entre os bigodes amarelos de nicotina sobre a disponibilidade do produto que você pediu:

- Tem, mas acabou.

Preto no Branco e Cia da Insônia no SESC

FOI DIA 12 DE ABRIL. E FOI BOM!

vê só:


ENSAIOS E MAIS ENSAIOS


O QUE NÃO PODERIA FALTAR - BASTIDORES

NOZEROIS MAIS UMA VEZ EM SÃO CARLOS

...E COM A INSÔNIA

tá tudo lá, no blog no Preto no Branco

13 abril, 2011

amor

Amor que eu quero é esse assim

Assimples como cerveja

gelada a beça com amendoim

12 abril, 2011

Semana de Artes de São Carlos - SESC

Hoje começa a SEMANA DE ARTES DE SÃO CARLOS, no SESC, com a intervenção "Nozeróis" do grupo de Teatro Preto no Branco às 19h e apresentação do espetáculo "Jogos de Assoprar" da Cia da Insônia, às 20h.

Estamos nós, grupos irmãos que somos, trabalhando bastante por aqui. Durante o decorrer do dia, haverá toda a cobertura da Semana de artes de São Carlos com postagens de todos os preparativos para a apresentação do espetáculo da Cia. da Insônia , Jogos de Assoprar, e da Intervenção NOZERÓIS do Preto no Branco...

Fique ligado no blog do Preto no Branco, twiiter do Pb , e facebook

09 abril, 2011

A fuga é só reafirmação.

30 março, 2011

Passárgada

vou-me embora pa sargada
afinal, nada como o mar

é sempre bom dar um salve pra Iemanjá.

28 março, 2011

fala

A gente fala e fala e embala
findo o embalo não dá nada
a gente fala demais.
mas fazer o que? precisa.
e pode ser começo.

óia

Preciso porque preciso sinalizar o blog do Preto no Branco http://grupopb.blogspot.com/ que anda sempre atualizado, e bem, por Bruno Garbuio. Um abraço encochante ao Preto no Branco.

11 março, 2011

revistas

Gosto de ir ao médico pra ler as revistas de espera. Ginecologista é ainda mais excitante, já que as revistas femininas fervilham interessantes informações.
Como emagrecer 5 quilos em uma semana, dieta dos pontos, dieta dos sucos, dieta do quiabo, dieta da escova progressiva, como ter cabelos/pele/unhas/pés/mãos/sobrancelha/ocaralhoaquatro perfeitos, como surpreender seu homem na cama, como adorar incondicionalmente fazer sexo anal, como conseguir um orgasmo prolongado, como andar na moda ainda que a moda desta estação te obrigue a usar coisas ridículas, como usar paetês, como usar maquiagem sem parecer um "vamos colorir" infantil , como fazer penteados que você nunca vai conseguir em casa, como se vestir bem com roupas que custam R$399,90, como ter sucesso na vida profissional sem ganhar mais que seu marido, como educar seu filho dentro do sistema - e transforma-lo num cretino, como cozinhar pratos deliciosos que você vai rodar a cidade inteira pra achar os ingredientes, como depilar-se corretamente rapidamente e eficazmente - com muita dor, como matar as formigas de inveja, como arrumar um partidão, como entender o universo masculino e fazer seu relacionamento pegar fogo até virar cinza, como aumentar 3 centímetros de bunda e diminuir 10 da cintura dormindo, qual a melhor chapinha para deixar seu cabelo com o mesmo visual estranho de qualquer chapinha, como fazer o homem ligar no dia seguinte mesmo que ele seja um idiota, como usar absorvente interno sem romper o hímen, como usar camisinha feminina sem brochar, como ser dama na sociedade e puta na cama.
Ninguém explica como não mandar esses seres pensantes da cultura feminina tomarem no cu.

10 março, 2011

livro-te

cuidado com os livros, nem sempre te deixam livre.
pare um pouco de lamber o indicador e mostre mais o médio.

aumenta a brahma e traz um som aí

Música boa é a que te inquieta e o produto dessa inquietação tem importância.
E sobre importância cê sabe a treta.

das maiúsculas

A paixão pintou o nome Dele na vista Dela. Aí paixão pintou eles Dois à prazo. A paixão puxou pra perto Dele, Ela. À vista, assim que ele A viu a vista. A paixão pintou pra Ela. Ela se disse, resista. Mas paixão Se pintou Nela.

03 março, 2011

do tipo que escreve para si mesma

vista-se com as roupas e as armas de Jorge,
e tenha pés
e tenha mãos
e tenha olhos
e tenha pensamentos.
tenha coragem para usa-las

02 março, 2011

sobre cozinhas, vagas e juros

Os vagabundos vagam na rua enquanto os ocupados dormem em suas camas de junco indiano, ano a ano, e pagam suas parcelas em 12 vezes sem juros. Essa vida é que é vida, sacanearam o passado, dizem os vagabundos enquanto entre um ronco e outro - ronco aquecido com edredom comprado em 6 vezes sem juros nas pernambucanas - os ocupados dizem que lhe sacanearam o futuro. A sacanagem é o caos, e o caos é o que leva o sopro de vida nos conformados - amarelados como mortos. A sacanagem do caos é a nova profecia. A desgraça do fim do mundo será que todos morrerão deprimidos no chão da cozinha. Os que tiverem cozinha, note bem. Durante o caos, fervilharão idealizações e organizações não governa mentais. Mentes livres, finda o Éden.

28 fevereiro, 2011

hora ação

mundo em que visão política deu lugar à cegueira polida. franqueza à fraqueza.

quem estiver aí em cima - recomendo não descer por hora -
mas roga
e ora por nós,

ao Men

cinto

eu sento, deito, ando e tino
eu sinto muito
eu sinto sempre demais

toda sensação em mim é forte e tanto
toda sensação em mim vira água
toda leve enxurrada
me arrasta, rasta hasta que me leve
toda sensação em mim é água
toda leve embotada
abotoada água pela cara

12 fevereiro, 2011

do mural do PB

"O teatro é artesanato
a televisão é indústria"

10 fevereiro, 2011

você já vestiu seu chinelo ao contrário hoje?

08 fevereiro, 2011

Em boa hora

"o silêncio pontua passos em direção à porta"

enquanto as pessoas vão embora

nosso egoísmo se torna evidente e

eventualmente

a gente olha de lado e chora

01 fevereiro, 2011

terceira janela ou simples 1.5

Ela colocou o disco, ele fazia o café. Acenderam, sentaram na janela. A terceira janela. Gostavam de acordar assim. O bom dia vinha depois, ou durante. Suor e sabor. Bom dia.

sedis

seda faz pipa
seda pra bola

seda colorida
seda por fora

se dá amolecida
seda faz mola

seda pra vista
seda te veste

seda pra mista
seda te esquece

seda em ponta fica
seda na cama aquece

Renove-se

ou rememore-se
saudoso
diário
e sempre
como todo cretino

31 janeiro, 2011

ars

Artista pra viver de arte
(sua paixão)
precisa vender
pelo menos uma parte

(afinal, toda coisa precisa ser vendida)
e pra vender, às vezes faz arte
com paixão submetida

29 janeiro, 2011

Insane-se,

antes que o mundo te deixe louco.

Saliente-se

antes que o mundo te exalte e você se ache o tal.

parece clichê, mas só normal.

Três dois ponto um

Eu preciso do silêncio pra louvar esse momento. Eu preciso das horas infinitas passando por mim enquanto eu passo os olhos nas imagens que flertam comigo. Preciso me tiquetaquear, deixar o choro me explorar e me expor; me por em tudo que eu tenho me proposto faz alguns dias. Eu preciso de uma rede e de calma pra vagar os pensamentos em impressões densas. Do sofá e do cochilo. Do cachorro e das orquídeas do quintal. Eu preciso da cadeira de balanço que ainda não comprei pra fazer o tricô que nem aprendi. Eu preciso de silêncio pra me afundar um pouco. Só pra subir depois. E fazer barulho.

10 janeiro, 2011

já?

Um lugar longe, longe assim daqueles nos quais não se precise preocupar com porra nenhuma. Nem com porra, nem cama, nem preço de leite, nem preço do chá, nem se a música é boa, porque afinal e lógico, boa música sempre será. E haverá. Aquele lugar do caralho, no qual não se precise ganhar porra nenhuma de dinheiro, nem pra ficar, nem pra chegar. E é lá.
Olhou já?
Só envelhece feliz quem sabe e dá o valor de um dia.

06 janeiro, 2011

Pra quê?

Ele se deixou ir, como não fazia desde que se esqueceu que era homem. E que homens atravessam com ou sem pontes. Esqueceu-se agora de malas. Com um barco de colchão inflável muniu-se de cabos de vassoura e um litro de cachaça de alambique. Difícil era, pra ele como pra todos, mas e daí? Uma ideia na cabeça e blablablá. Dois dias depois atravessou o rio. Pra quê?
Aí depende mais de você do que dele.

04 janeiro, 2011

papos

Eu queria escrever sobre tudo o que tenho conversado por método que se pode talvez chamar semi dialética contemporânea. Precisaria da ajuda do biscoito e do chá, provavelmente. Precisaria de um gravador amador, quem sabe. Precisaria mais do que tudo, lembrar. Isso, véi, é que anda foda. "- Você tem suposto? Faça, é bão. Leia, mas leia um pouco menos, e suponha mais. "

Calmamente

Ouvindo minhas músicas
Sambas, bênçãos, tangos, vermelhos
E teu rap também, meu bem. Teu rap também
me vem um passado bem recente
um bocejo, uma preguiça vagarosa
A leveza da gente
Esse tal “calmamente”
A calma que a gente sente
o chá que acalma a mente
da gente,
Dois, cada um no seu canto
Dois no canto da benção
No canto de um samba
Você puxa, eu segunda vozeio
passamos nessa nossa noite de bamba
A gente.
as minhas e as tuas coisas
e em dia cinza, porque não a nossa cor?
só pra dar pinta de todo o nosso; Não, preto. Sem essa rima tão cedo.
entra no sapato. deixa ele descansar do lado da cama. calmamente