04 fevereiro, 2010

Papéis livres

Olhando os dois assim nem parece muita coisa. Mas os braços cruzados de um combinam com as pernas estendidas do outro. Os olhos fechados de um combinam com a boca atenta do outro. E até as roupas, com as quais não estão. Olhando-os assim nem parecem. Olhe para a esquerda. A mesinha de cabeceira guarda, entre cadernos e livros, versos livres com palavras descompostas pra serem só deles. Lamentos e intenções regadas de noites saudosas.
Entre nós existe aquela vida
um mínimo senso atento
do quase medo da partida
E foi sem despedida, sem espera e sem guardados. Estes que geraram grandes achados: um pedacinho de papel livre que escapa do livro. Um quase cheiro conhecido que passa despercebido na rua e para o qual outro se volta e não encontra mais. A ficar na dúvida se foi imaginação.
Espero com você o dia
em que tudo que façamos
se vingue da monotonia
Não que vivam quietos a vida longe. Não que se esperem para o jantar. Nem que se esqueçam de em algumas noites, dois vinhos, lembrar.
Quando ventou a noite que você saía
nem meus poros, nem meu corpo e eu
entregamos o total em demasia.
Até que a música enlace a voz macia outra vez. A testa espalhada de suor, os braços cruzado e as pernas estendidas. A cabeça se curvará cansada de noites mal dormidas. Encontrará o velho ombro direito endurecido das escritas.
Porque nós
éramos cordas
cheias de nós

3 comentários:

Wilker Aziz disse...

Que coisa mais linda!!! Porque nós éramos cordas cheias de nós... lindo isso! Mto mesmo =D

Hilde disse...

acredite qdo o Will fala que eh lindo! Vc se supera a cada dia!! Vcs... como um todo! =)

Filippe F. Cosenza disse...

odeio quando seus textos terminam. é uma tortura que sei que vou sofrer quando começo a le-los. ainda assim, vale a pena sofrer esperando pelo próximo. escreva um livro e me faça uma pessoa mais feliz! =D