30 junho, 2010

quem não se é (I)

Não há o que se diga, é fato: Não tem lugar pra mim aqui.
Nem sei se o lugar é pequeno ou eu grande - sem grandezas, sim? - mas não dá pra viver assim, de pé em pé que não vira nem dá pé.
Eu não caibo em mim. E tão insuportável quanto a constatação é tentar algum remédio no passado. Quando era criança vestia as roupas do meu pai e brincava de ser outro e outros. Vendo que ser outro era melhor, coloquei todos dentro de mim e agora, Cá estou eu cuspindo gente pelos olhos enquanto a boca me mata a mim.
Tinha cores fortes que só vi mais uma vez depois de adulto, considerando psicotrópicos viáveis. Tinha cheiro de pimentão cozido. Tinha areia no corpo todo. e pés sujos. ainda tem.
Falar de infância é duro. Deve ser por isso.
quem não se é tem dificuldade de aceitar já ter sido.

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