Segue a moça: cabelos amarelos quase brancos.
Seguindo o moço: cabelos lisos pretos até os ombros.
Eles não se gostam, eles nem se olham. Esbarram-se algumas vezes e dizem um "foi mal", da parte dela; e um "desculpaê", da parte dele. Eles são tão iguais que se sentiriam constrangidos, então, por obra dos astros -se é que eles existem- aquário não entra em vênus a não ser quando eles estão perdidos em algum lugar -ele num barzinho preto que toca hard metal, ela na rua Augusta- mas nunca quando estão perto um do outro. Por obra de vênus ou aquário ela se dá com alguns caras babacas e algumas ruivas. Ele com meninas cheias de piercings e tatuagens. Eles são iguais e não sabem. Se se notassem na rua nenhum teria interesse no outro -ele de sobretudo preto, ela de saias indianas- duas pessoas que foram feitas pra ter filhos.
Eles nunca vão se ver, nem ao menos vão notar. Nem ao menos vão se interessar quando um estiver lendo no ônibus - ele, Kafka. Ela, Caio Fernando Abreu. Ele vai passar o resto da vida com o preconceito de que Abreu é moderninho demais sem ter lido, ela não vai conhecer os absurdos Kafkanianos. Eles não vão ter a casa que foi feita na década de 50, sonho de ambos, e que está a venda faz quase cinco anos. Perfeita pra eles morarem com os filhos. A casa que seria cheia de redes, samambaias, insensos e posteres do Iron Maiden. Eles nem conhecerão a casinha que lhes esperou. Eles não vão passar a velhice juntos rindo das brigas que teriam por causa da alergia que ele tinha das margaridas dela e ela dos sustos com o som alto dele. Nem vão sonhar como seria de verdade o amor de suas vidas. Por que não se conheceram. Por que estavam muito rotulados - ele assim, ela daquele jeito.
Seguindo o moço: cabelos lisos pretos até os ombros.
Eles não se gostam, eles nem se olham. Esbarram-se algumas vezes e dizem um "foi mal", da parte dela; e um "desculpaê", da parte dele. Eles são tão iguais que se sentiriam constrangidos, então, por obra dos astros -se é que eles existem- aquário não entra em vênus a não ser quando eles estão perdidos em algum lugar -ele num barzinho preto que toca hard metal, ela na rua Augusta- mas nunca quando estão perto um do outro. Por obra de vênus ou aquário ela se dá com alguns caras babacas e algumas ruivas. Ele com meninas cheias de piercings e tatuagens. Eles são iguais e não sabem. Se se notassem na rua nenhum teria interesse no outro -ele de sobretudo preto, ela de saias indianas- duas pessoas que foram feitas pra ter filhos.
Eles nunca vão se ver, nem ao menos vão notar. Nem ao menos vão se interessar quando um estiver lendo no ônibus - ele, Kafka. Ela, Caio Fernando Abreu. Ele vai passar o resto da vida com o preconceito de que Abreu é moderninho demais sem ter lido, ela não vai conhecer os absurdos Kafkanianos. Eles não vão ter a casa que foi feita na década de 50, sonho de ambos, e que está a venda faz quase cinco anos. Perfeita pra eles morarem com os filhos. A casa que seria cheia de redes, samambaias, insensos e posteres do Iron Maiden. Eles nem conhecerão a casinha que lhes esperou. Eles não vão passar a velhice juntos rindo das brigas que teriam por causa da alergia que ele tinha das margaridas dela e ela dos sustos com o som alto dele. Nem vão sonhar como seria de verdade o amor de suas vidas. Por que não se conheceram. Por que estavam muito rotulados - ele assim, ela daquele jeito.
Um comentário:
que sonoro..que gostoso de ler, que bonito e tão triste...
gosto da maneira como você escreve...não segue padrão...cada texto é uma surpresa!
beijo com açucar e afeto!
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