24 maio, 2008

Teatro

O teatro é um alimento interessante. Ele faz você sentir fome de si mesmo, para encher a sua barriga de sensações que você não sentiria.
Ele abre espaço para que você seja preenchido por algo que não pode ocupar o mesmo corpo que você mesmo. Esse "algo" não se expande em nós, porque a gente sempre está muito cheio de si.
Esquecer-se do que se é por dentro, lembrar-se do que se é por fora.
Sentir dor por fora.
Esquecer as dores de dentro.
Perder a vaidade.
Aprender a importância do contato.
Improvisar quando há falta de contato.
Expressar sem nenhum gesto.


"Naquele banco onde a vida passou, nenhuma árvore se fez testemunha. Nenhuma folha caiu de forma diferente pelo que acontecia. Tudo era um quadro isento do personagem principal, que bailava uma ópera mística e mortuária.
Ele agonizava, e a paisagem sorria como se pudesse fazer-se primeiro plano.
O grito dele não assustou nenhum pássaro. Ele atracou-se com o cenário, mas nenhum traço se moveu. Então, derramou todo o seu sangue de tinta, toda sua pele de lápis, e juntou-se à estaticidade de si." (15/05/08)



"Que os 4 como num teatro, conservem a mão sem nenhum gesto. Que o vinho quente do coração lhes suba à cabeça espessa. Que do bolso de cada um dos 4 como num teatro voem pombas (pombas brancas...e amanheça)"
(Prece Cósmica - Secos e Molhados)

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