26 abril, 2012

Da porta do vão


Papéis soltos salpicam o chão, a parede, o vão

Da porta, olham para ela como louca. Ela dança e flerta satiricamente com eles, exibe-se, destoa-se e não aceita muitos conselhos. Carrega consigo uma mania de partida, uma sensação mal resolvida, sensações acumuladas de anos de vida. Ela é velha, ela é jovem, ela tem muitos anos em pouca idade. Ela tem grudados em seu corpo todos os panos da cidade. Ela é parte do cenário, ela é o próprio cenário dela. Brinca com os objetos, com a rotunda com ela mesma e com o público flerta. Ela é uma diaba e santa de faces lunáticas que ainda não foi retratada em estátua, pois não deixaria ninguém reproduzir o desenho de seus olhos se estes não comportassem sua alma. Não se importa em não ser reconhecida, prefere. Não sabe o que é ir nem voltar, ela fica, ela fere. Qualquer que seja o sentido da partida, ela fica. Estranha, aperta as mãos, os dedos, peitos, entranhas e vai, por partes ela vai: Inteiramente parte a parte.  Ela é dividida em mil quando parte, quando dança e olham para ela como louca. Ela não liga, se exibe e não aceita muito a maldade do mundo. Dança dentro de si cenário, flerta de modo bento, satiriza de modo sério, realiza de modo etéreo. Subjetiva, ela sub objetiva os podres e dança com frescor e citricidade. Ela não aguenta muito o mundo e a porta.

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