21 novembro, 2009

Simples

- Você tem seu lugar aqui
não apontou para o coração para não cair no ridículo clichê
ele entenderia
- Você também.
- Como uma de minhas grandes paixões.
- Eu te amei, sabia?
fez que sim com a cabeça, mas não sabia não
Só pelo costume de fazer sinais positivos
quando se surpreende com o que ouve
- É que a gente era complicado
- E se resolvia sem palavra alguma
- Tão iguais
- Tão bonitos
poderia ser de Tarantino esse tipo de conversa
num lugar tão estrategicamente comum
fazia o calor terceiro-mundista dos trópicos,
falavam de sentimentos tão sofisticados
entre um óleo de oliva e uma comida mal comida
- E tão diferentes
- Tão.
- Mas eu gostei
- Também
- Também.
era verdade
e eles sabiam
mesmo que não fosse mais preciso

tudo tinha sido feito para não caber
no tempo que estiveram no momento que passaram

mais simples que isso
tão impossível
quanto desnecessário

Um comentário:

Renato Capella disse...

Nádia, o diálogo tá muito lacônico pra ser do Tarantino, não tá? E outra: falta sangue, rs. Mas, deixando o Tarantino pra lá, não falta nada. Linkei seu blog no meu superego, digo, no Pitqueiro. É nozes.