Apesar dos dias, preenchidos de horas preenchidos de minutos preenchidos de infinitos que ela mesma, apesar de saber tratar-se bem com ele, não entendia completamente mas; apesar dos infinitos, os dias se arrastavam tortos na porta do guarda roupa, nas roupas, na cama e nas paredes imundas. Imperceptivelmente arrastava-se ela também na infinidade de pessoas e oportunidades e mentiras e verdades e fatos quase até interessantemente confundíveis - o trago da vida - o espaço-tempo aberto à procura de um estanque que não viria sem ele - o infinito espaço transformando-se em algo concreto e contradizendo o paradoxo do homem e da tartaruga (e outras coisas que matemáticos estudam).
Tateava ela, tateava ele - o infinito - talvez porque o infinito não permita qualquer tipo de controle quando ele é o que se tem por medida. Tateava também ele - no infinito. Dançavam juntos a uma distância infinitesimal de palavras, poemas, músicas, cervejas, pessoas, deveres, diversões, vodcas, corpos e camas. Por mais que se movimentassem nos dias, cabia-lhes a espera pela movimentação dos astros que não acreditavam, das viagens psicodélicas que buscavam e pela infinidade de palavras que não encontravam. A espera era translúcida com unhas longas de arrepiar, excitar e ferir; cheia de infinitos meios de juntar e separar dois corpos numa infinidade de pessoas.
05 novembro, 2009
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