12 janeiro, 2009

Mots


...e fiquei parada olhando aquele rosto por muito tempo, como um tipo de penitência por ter sentido tanto asco
Era como se me tragasse a sensação de bem estar pelo dia ensolarado cheio de bicicletas, crianças, patins, mulheres caminhando... Aí ele disse que ia me ligar... Mas eles não comem cenoura... Do 42 para o 40 em um mês... As pessoas falam demais, querida...
Sentia as palavras e as presenças passando por tras, pelo lado e pela frente. Sem ver nem olhar.
Nada além daquele rosto podia ser mais interessante e obscuro quanto eu mesma, ali parada esperando sentir-me perdoada. Tentei qualquer palavra que saísse de minha boca, para me lembrar que eu era viva. Neologismos, arcaísmos e metáforas geniais que construíssem alguma parede de pedra entre aquele rosto e o meus olhos. E por pensar isso foi minha culpa que cresceu ao invés da parede.
Crianças, patins e mulheres caminhando... Desculpa, hoje eu nem posso... É azul marinho, lindo...Era como se ele me tragasse tal qual uma aguardente. E descendo pela sua garganta, eu não sabia em que mais instalar meus olhos.
Levaria bom tempo pra eu descobrir que saindo dali era ele que havia me perdoado, ou desistido de minha alma má...

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