06 outubro, 2012

é preciso, antes, precisar

Desesperadas paredes da cidade libertam. Os muros desse lugar meio sujo limpo alfinetam o desejo incansável do homem por beleza mas também se amolecem com nossas cores e formas. Tijolos e concretos pintados cedem lugar ao respiro da arte. Ruas que se combinam em cinzas a ton sur ton, placas vermelhas e faixas amarelas - para que paremos, tenhamos cuidado e estacionemos - abrem-se ao rosa laranja lima. Avisados estamos por todos os lados. Avistados não. Por isso cores e formas rosa laranja lima gritam que seja proibido estacionar e não ver que as faixas amarelas ficam dia a dia mais estreitas. Somos a multidão ocre apressada, tropeçante em tantas placas faixas out dores, separados por arestas e vértices porque curva gasta tempo: o mais perto entre dois pontos ainda é a reta, dizem. Por isso quanto mais arestas e muros e cinzas mais pintamos, mais curvamos linhas em muros telas alternativas, mais pulam poesias insinuadas. Que bem situadas estão, porque é preciso precisar de poesia.

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